domingo, 13 de março de 2011

Excelentes textos teatrais -




         

MEUS

PREZADOS

CAFAJESTES










FRANCISCO DE ASSIS DO NASCIMENTO



JUIZ

Boa noite  a todos. Hoje  estamos aqui para fazermos o julgamento do  Sr. Tadeu Ambrósio de  Siqueira. Revendo todas as folhas do processo, ele é acusado de roubar o patrimônio público , de lavagem de dinheiro no exterior, enriquecimento ilícito, sonegação de impostos e também é acusado de matar  duas crianças uma mulher e um pipoqueiro, todas vítimas da sua politicagem, e que nas suas tramóias também teve a ajuda  de sua amante, a qual vai também entrar na lista de acusados. Temos como advogada de acusação a Sra.  Etelvina  Calheiros e de defesa...Ninguém. O julgamento acontecerá mediante a seqüência de acontecimentos apresentados pelas testemunhas que ora apresentarão a favor do Sr. Tadeu, ora contra o mesmo. Por tanto agora convidarei o corpo de jurados a se fazer presente neste julgamento. (...) Que se apresente o réu e que dê inicio ao julgamento.

ETELVINA

               Jurados olhem para ele, olhem vamos, olhem bem. Esse ar de bem feitor como aos hipócritas convém... Tadeu nem é criminoso. Tadeu é o crime, senhores! Mas afinal o colocamos no lugar adequado a todos os políticos corruptos deste país. No banco... No banco dos réus! A historia não me deixa mentir: quem tinha um castelo, uma mansão, acabou guilhotinado na revolução. Pois nosso político, Tadeu não tem uma mansão tem mais de cem. Este homem representa vários políticos imundos e  cafajestes desta nação. Com o dinheiro que  do povo roubou ele mil empresas inaugurou. Abriu varia contas empresas e também faliu algumas. Extinguindo os senhores feudais porque tinham poderes demais, hoje os políticos são mais muito mais poderosos que seus ancestrais. Vejam companheiros como ele é arrogante. Vasculhem ai seus bolsos. Sim agora vasculhem, andem, procurem. Falta dinheiro? Falta ou não falta? Pois esse dinheiro todo, que desapareceu, esta completo nos cofres da Suíça na conta de Tadeu... Político safado em toda parte tem senhores, ah este execrável só progride mesmo se primeiro roubar dos pobres miseráveis, e ai ele se torna um absoluto miserável.
            Jurados, Tadeu vive de roubar, mas se você quer alguma coisa, ah a ele tem que rogar se ajoelhar e ele ainda pode mandar  você pastar. Tadeu usurpou fabricas, colégios, construtoras, supermercados, até o salário miserável de tão pouco do gari. Pensem em qualquer ramo de negocio e confira: ele já tem tudo! Tadeu tem milhares de funcionários, mais do que os habitantes desta cidade. Meus companheiros ele não tem caridade existem muitas pessoas boas no nosso meio, assim como bons políticos, mas o que acaba com tudo é o político malicioso, pensem o que ele pode arrancar de gente inocente! E pensa que se incomoda! Ele goza e tem prazer da dor alheia. Assim é o biltre do Tadeu , O lucro de um só pode vir do prejuízo de outros, e estes outros são todos vocês. Senhores, vamos por um fim na existência de Tadeu, não podemos deixá-lo livre, por caridade, por caridade.

MENDINGA

(Entra rindo)
         A igreja caiu. Não acreditam, pois é, ela apoiou corruptos. Cinco padres guilhotinados quem dera Tadeu tivessem sido também. Eu vi o julgamento de Tadeu. Antes agente só podia entrar num tribunal como acusado. O povo condenou Tadeu ali mesmo no tão. Eu tava lá, vi tudo ele chorava, uivava, se tremia feito vara verde soluçava feito bezerro desmamado. Quando ele passou por mim dei-lhe uma cuspida na cara ele se mijou todinho, depois disso dormi ali mesmo e sonhei com ele na guilhotina com a cabeça dele dentro do balde que ainda gritava eu batia palmas pois via que ele estava morto e já não podia mais roubar daqueles que precisavam. Mas tudo foi apenas um sonho, tenho que voltar para a realidade, sou  mendiga vivo nas ruas a mercê da caridade alheia e do desespero de Tadeu. Mas ele o que mereceu viva a democracia! Viva o poder do povo! Viva minha gente viva!


POLICIA

Alô alô ,é secretario de policia, ah perdão vereador, desculpe pelo amor de Deus, boa tarde excelência, o que ? Desculpe, não, pista nenhuma do representante publico, é fugiu, na fuga levava uma pistola, sim, ele era amigo de Tadeu, matou uma mulher, duas crianças e um pipoqueiro. Haverá no tribunal do júri um julgamento clandestino, para julgar aquele que se dizia ser bom político. Pois não, excelência qualquer noticia comunico, estamos aqui sempre atentos, 24horas por dia, é a  nossa meta no momento... Pois não, até logo e desculpe mais uma vez excelência. (desliga). Pôrra! Quero que o tal político morra ele sempre foi um grande cafajeste e ladrão do dinheiro da bolsa escola e dos velhinhos aposentados, fazia empréstimos altíssimos, ludibriando os pobres coitados, isso é revoltante.. (telefone toca) alô! Leonor meu docinho de coco ah o telefone estava ocupado por causa do tal vereador que me ligou, me aporrinhando com besteira, querendo comprar o meu silêncio, para não ser envolvido no crimes do político Tadeu . Mandei ele ir para a  baixa da égua. Ah não esqueci não, estou chegando ai, sim, comprei para você,  um beijo chego já já. (desliga) fico aqui pensando este Tadeu ficou rico muito depressa como ele conseguiu toda esta riqueza quem dera se fosse eu ah quem dera... eu tenho inveja dele eu devia ter me acoloiado com ele, ter aceito aquelas 500 pratas, afinal também sou corrupto mas isso ninguém diz pra ninguém, o povo se revolta muito fácil com a gente, afinal o policial é pra proteger os fracos e oprimidos e livrar a sociedade da escoria de mal feitores, mas existe gente pra tudo. Ah deixa eu ir se  não min há doçura pode se zangar comigo, fui.

LOCUTOR

Atenção! Atenção! Nosso festival, uma ligeira interrupção. Carro placa fd9532. Foi o carro utilizado na fuga do traficante, era amigo de Tadeu. Apareceu. Recebemos um telefonema e checamos. De fato, o carro esta no estacionamento, na sua concessionária, Renan é um tremendo safado,não respeitou o cargo político que tinha e nem o seus amigos também deputados. Mas peço agora uma salva de palmas pessoal, para a honestidade dos revolucionários. Isto é mais forte, palmas, palmas. É vamos levantem-se, vamos levantem-se vamos cantar o hino nacional, bem alto, isto bem alto: (ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante... Parem! Eu disse parem!!! Não sei se vale apena cantar este hino todo, ser patriota aqui? Levamos nome de ladrão! Tadeu, muitos o louvam ainda! Afinal quem ousaria denuncia-lo? A imprensa? Para perder os anúncios? Os industriais, que loucura! Atacassem um político fajuto deste, nunca mais teriam paz, as autoridades, essas vivem bajulando grandes  motivos para se dar bem, a custa da desgraça dos outros. Ah mas é melhor eu me calar, pois preciso deste emprego nesta rádio para viver. Eu entrego Tadeu a justiça de Deus e por que não a vocês.  

ETELVINA

                Pobre de nascença, Tadeu enriqueceu e deixou herança. Também, pisou nos outros para subir. Aprendiz de mecânico, na cidade grande desde garoto, via a opulência dos marajás, ele dizia pra si mesmo: um dia eu chego lá. No emprego que conseguiu, passou por cima de quem lhe apoiou. Tinha pelas conquistas do operário, a maior desconsideração. Enquanto alguns, oprimidos, buscam revoltados combater a opressão, outros como Tadeu, querem somente uma inversão trocar de posição parta oprimir o irmão. Ele foi por muito tempo discípulo de satanás, fugia da servidão, nunca gostou de ajudar ninguém.
            Meus caros jurados, sinto alegria em falar das maldades de Tadeu. Não é hora de ficar calado, creio eu que tudo que eu disser vai servir para vocês terem apenas uma vaga idéia de quem foi Tadeu, manipulador de mentes inocentes com intuito de obter riqueza para manter toda sua opulência, e porque não dizer toda sua família? É...seus familiares também tem parte da culpa.. e onde eles estão hoje? Agora neste momento? Eles também devem vir para o banco dos réus! Que não reste um só sem ser julgado! Todos os seus familiares sabem dos seus crimes, todos são cúmplices.  



PROFESSOR

(Numa cadeira de balanço, com um jornal)  -
        Lucia – Luuucia! O jornal ó. Esta aqui no jornal que os homens da lei só soltam o político Tadeu, se ele pagar o que deve a população primeiro. Olha aqui.  “Seu  Tadeu milionário, político famoso lá em Brasília dono de fazenda e com fabricas até na Alemanha foi preso”. Até que enfim acabou-se a pose deste tal de Tadeu e de toda a sua raça, enquanto isso, eu mero professor, tranquilão, sossegado, de mim, ninguém tem o que dizer de mim, não devo nada a ninguém, nem favor. Sim, eu poderia estar melhor de vida, se ele tivesse pago meu salário direitinho, oito anos sem ter um aumento, sempre procurava uma desculpa , dizia que a folha de pagamento estava grande demais, e que nem para o abono iria sobrar, mas este aqui é irmão deste. Não sou louco.Mas não tem nada não. Ele agora esta na pior. Lúcia tá faltando alguma coisa aí na cozinha? Além do pão e do café das crianças? Eu posso adivinhar o que você esta querendo, você não me engana...Você ta querendo alguma coisa... já sei que você quer viajar, pensa que está sobrando dinheiro, não ta não mulher. Saiba que recusei as duzentas horas que me deram para eu ficar do lado da situação, eu jamais me venderia, sou pobre mais sou honesto. Logo, não vou trair meus ideais para ser feliz a custa do dinheiro sujo de Tadeu .  Eei traz traz logo o meu café. Sabe Lucia, como eu te conheço bem, você queria ser casada com um político e não com um pobre professor, vê se te enxerga, um político nunca iria olhar pra tu mulher, tu esta pensando que é o que? Cleópatra? A bala que matou o Kennedy ? Ou a última bolacha do pacote? Conforma-te com a nossa situação, professor aqui não tem vez não! Também quem me mandou votar no partido da oposição? Perdeu feio o meu partido, me mandaram trabalhar numa escola perto de onde o Judas perdeu as botas pra ver se eu desistia, afinal rodei feio, fiz tudo pelo meu prefeito e ele estava do lado do cafajeste Tadeu, e do seu bando, que são igual a macacos vivem  pulando de galho em galho, mas  sabe o que digo:  pega peste... pega peste vota nele de novo. (sai com os livros)

 ESTUDANTE

(lendo o jornal)”Respeitável público antes de iniciar o espetáculo teatral, nós, universitários, ora expressamos solidariedade total aos que lutam  contra os poderosos. Principalmente políticos corruptos. Meus prezados companheiros  de luta,não sou evolucionário, mas brigo pela minha terrinha, pela minha nação, pelo meu município, .não podemos ficar mais calados diante das atrocidades  deste tal político Tadeu E que por causa do  desgraçado do Tadeu, hoje morreram pela pátria uma mulher, duas crianças e um modesto pipoqueiro, morreram porque ninguém os apoiou, e  também por causa de uma politicagem  safada. Dizem que foi de bala perdida. O pipoqueiro estava ganhando a vida neste país miserável, a mãe e as duas crianças passeavam nesta mesma tarde de domingo. Agora, para homenagear estes mártires, pedimos  a todos, trinta segundos  de absoluto silêncio”.(...) Ah, antes que eu esqueça, estão vendo aquele cofre ali no meio, gostaríamos que por favor depositasse uma pequena contribuição em dinheiro para o nosso grêmio. E agora vamos fazer um minuto de silêncio por aqueles que morrem lutando pelos seus direitos e pela bondade de coração de muitos que aqui estão.( ...) 

MULHER DA PLATÉIA

Ô Wladimir! Vou fazer silêncio droga  nenhuma. Será que este povo mais uma fez vai ficar calado mediante a tantas injustiças e corrupção. Porque o que vemos todos os dias no noticiário é violência por cima de violência e escândalos por cima de escândalos vindo da parte daqueles que foram eleitos para nos representar lá em Brasília. E o que vemos neste país de miseráveis, é um tipo de política que protege os ricos e, pune os pobres, muitas vezes até matam estes desgraçados.(...) Ainda bem que existem alguns deputados que fazem a sua parte e ouvem a nossa lamentação, porque se não fosse isso nós já estaríamos da baixa da égua pruma banda. Já cansei deste blá blá blá blá, desta baboseira política. Quatro em quatro anos é sempre a mesma coisa, lá estão eles batendo na nossa porta. E onde está a tal mudança? Minha gente vamos fazer alguma coisa!!!  Por favor!!!!

ESTUDANTE
Tudo bem companheira fica registrado a sua reivindicação. Vamos nos unir, somos filhos da mesma terra.Amamos  esta terrinha! Eu até beijo o chão.(beija o chão0Companheiros demo-nos as mão, demo-nos as mãos! Mas cuidado para não está segurando na mão de alguém que concorda  com as idéias de Tadeu, que é contra a evolução do povo. Ele desonrou muita gente, e um homem sem honra é melhor morrer. Adeus meus prezados ... meus prezados...sei lá o quê!


MULHER DE TADEU

Olá, meus caros jurados e a platéia aqui presente. Já  imaginam quem eu sou? Não? Eu sou Elvira, a mulher de Tadeu. Mulher não, ex-mulher , porque ele me trocou por uma lambisgóia que o ajuda nas suas maracutaias a e cambalachos. Até compra fazendas e mais fazendas no nome dela. Pra ninguém não desconfiar .  (...) mais eu ainda gosto dele, é o pai do meu filho.
               Só existem senhores, uma acusação a de não ter poder para julgar a si próprio. Pois neste país apenas o pobre, o negro,  o subnutrido, e o homossexual, é que são descriminados e repudiados por uma sociedade falsa e medíocre. Que finge está tudo bem, mas que vive camuflando um preconceito ordinário e  sem escrúpulos.São uma víboras em pele de cordeiro. Quero falar agora do meu querido Tadeu. Este político que vocês colocaram no poder..Então... Meu amigos... amigos o político as vezes é disfarçado, matreiro, mas quem não é? Só Tadeu é pecador? Porque quer dinheiro demais? Mas todos que aqui estão querem também! Absolutamente normal. Dizem que Tadeu matou alguém, que ele é muito cruel, mas isso é tudo fofoca, ele é infinitamente misericordioso, quantos ele não ajudou? E hoje estes que ele ajudou estão querendo vê-lo na sarjeta, povo ingrato. O bocado comido é sempre esquecido. Como vocês esquecem depressa. Quatro anos passa rápido né? Mas deixa pra lá. Gente, os tribunais não exibem sempre uma cruz? Símbolo de quem morreu alertando (não julgueis pra não seres julgado!) e aqui estão todos julgando o meu homem ninguém tem piedade dele, mas quando ele estava podendo, com a mão na bufunfa, todos lambiam o seu rastro, mendigavam a ele todo tipo de ajuda, todos eram uns puxa-saco, uns baba-ovo mas senhores para o demônio o grande pecado não é ser mau, porque também somos seu grande pecado é a pretensão de querer ser Deus, isto ele nunca será porque Deus é único é santo e justo e honesto, e nós que aqui estamos, que somos! Vamos respondam! Vamos respondam! O que vai ser de mim sem Tadeu? O que vai ser de nós? O que acontece é que somos igual ao político Tadeu, vocês concordam ou não? Deixo a vocês a interrogação.

MÃE DO TADEU

     Candoca! Candoca! Venha cá logo. Bem minha vizinha querida Arnaldo desde de menino era líder, não gostava daqui da periferia era um menino ambicioso, era muito revoltado, sempre achou que tinha nascido com o destino marcado, era preguisoço nunca gostou de trabalhar, muito impaciente gostava de sonhar, chegar um dia a presidente da República, o pai se danava porque o pai no trabalho se matava e ainda se mata. Um dia  o garoto fugiu, foi para o estrangeiro, sumiu, formou-se e aprendeu a fazer o mal. Arnaldo... ah meu filhinho Arnaldo mais como sou mãe não interessa o que ele faz, se é bandido ou não,  pra mim não interessa,  o jornais dizem que ele mata, não acredito, você sabe como são os jornais Candoca, mentem demais. Eu adoro meu Arnaldo sabe, adoro, sou mãe dele, ainda que ele tenha renegado até seu nome de nascença era Betonho e agora se chama a Tadeu, e como sou  mãe, peço a vocês minha gente, clemência para meu filho! Clemência!  clemência para Tadeu, é uma pobre mãe que esta pedindo, tenha piedade do meu filhinho, tem muito político bom lá em Brasília,  alguns não zelam o título que tem, mas  nem todo político é o cão.




TADEU

       Tudo .. tudo que Tomaz falou de mim senhores do começo ao fim todos os horrores, tudo, tudo verdade tudo confira e reconfira ninguém me pega em mentira eu Tadeu faço obras sociais, creches,  mantenho hospitais sim com o dinheiro de vocês e guardo minha sagrada comissão incontestável, abominável... Mas...a dois mil anos senhores dois mil... a igreja arrecada o alheio, o sustento primeiro e o que ela dá aos pobres? Aos pobres só a migalha, pior, revoltante ela me revolta, ingrata! Ainda ameaça os ricos, aqueles que lhe deram o pão! Esta igreja me condena porque eu não fui correndo repartir com ela, os meus bens, mas não tem nada não eu e ela somos companheiros e é isso que convém. Eu robô confesso, mas tu roubas, ele rouba, nós roubamos e eles roubam também de jeito algum sou uma ilha senhores, não estou só formamos uma só quadrilha, estamos todos em família, se encaro este tribunal como bicho papão e todos querem acabar comigo, o meu  acusador esta ali é Tomaz vejam, só que ser um santo, santo do pau oco! Mas ele é como eu um sujo, um porco, companheiros   Tomaz, é como o satanás afetado e revoltado quer somente usurpar meu lugar é um desgraçado que não veio pra ficar. A oposição, meus amigos, qualquer oposição quer sempre a mesma coisa, virar a situação. Revesar, substituir.. Gente, vocês não vêem? Tomaz quer fazer com vocês o mesmo que eu fiz,  eu imploro suplico aos céus!  Não dêem esta chance a ele  por favor, de joelhos eu peço por favor não dêem ouvidos a ele!

Meus fiéis companheiros não estou mais agüentando tanta pressão, vê se vocês finalizam esta droga! Por favor tomem posição, minha gente a ai, cada qual esta se tornando carrasco de si mesmo. Pois tudo que lhes convém se é mal torna–se bem cobiça vira sede de justiça. E se eu adulasse vocês também? Vocês ficariam do meu lado? Ficavam pôrra  nenhuma vocês querem me ver é na forca bem longe daqui, não sei porque eu confiei tanto naqueles que diziam meus amigos eu me enganei, porque muitos que estavam ao meu lado hoje estão ao lado de ETELVINA com certeza vão fazer mesmo com ele, vão tirar dele até a ultima moeda. Eu sei que é chegado o meu fim neste julgamento, neta lamentação, mas não tem nada não, eu sei que todos eles são uns canalhas uns patifes uns tremendo filhos da p... Desculpe jurados o linguajar, mas tenho que falar o que sinto é normal não quero julgamento de multidão, porque vocês sabem,  que a multidão parte logo é para o linchamento e ai nos tornamos cúmplices, sócios e começamos a roubar. Porque eu roubo, tu roubas, ele rouba e nós roubamos. Mas agora que estou prestes a perder esta botija, esta galinha dos ovos de ouro, porque a política pra mim é isso aí, uma galinha dos ovos de ouro, e eu não quero sair, por favor me deixem ficar, me deixem ficar, eu até peço perdão. Perdão minha gente, perdão.(de joelhos)


REPRESENTANTE DO SINDICATO
O que? Apoiar o governo? Isso nunca! Ele também está de comum acordo com toda esta patifaria governamental. Se finge de santo, de protetor dos pobres e oprimidos, mas o que ele quer é ser considerado o melhor de todos. Mas como ser o melhor se ele sabia de tudo de tudinho desde o  começo. Preferiu viaja por todo o continente europeu e asiático. Gastando o dinheiro de quem o elegeu. Eu o comparo ao político Tadeu. Tadeu é menos poderoso do que ele, por isso  a corda arrebentou pro seu lado. O que rapaz? Eu tenho que me calar?  Mas por que? Não tenho medo de morrer assassinado. Eu sei que querem roubar nossa bandeira. Aquele desgraçado esquerdista! Droga! Inimigo declarado não é o que se opõe, é o que adere a esta festa pobre de corruptos que querem meter a mão no bolso do povão de novo.O bando de Tadeu está escondido só esperando chegar a época das eleições, até aquele vereador sem ver vergonha e descarado aparece como se nada tivesse acontecido. Companheiros, voltando ao meu discurso, quero dizer-lhe que este tal de Tadeu tem que ser deposto do cargo, logo, e dizem que ele ainda queria mudar de partido, coitado não sabia que isso iria faze-lo perder o seu cargo milionário no planalto. Tenho medo de traidores. Pois isto em toda parte tem. Leopoldo quero piquete a porta... lá vem você de novo. Chega de ter pena de quem vai para a prisão porque foi corrupto.Eu quero diálogo, nada de agressão, não havendo entendimento aí é que nós partimos para porrada. Mas feito isso basta. Olha pára de aporrinhar, seu babaca!  Sabe Leopoldo, eu preferia você como adversário, do lado de Tadeu. Calado rapaz! Tô falando! Puxa vida todo grupo revolucionário, infelizmente , tem sempre um cara que fica  pentelhando  a cabeça da gente, dizendo o que devemos fazer. Bem gente, temos que lutar por nossos direitos, pois quem não luta por seus direitos não é digno dele, vocês entenderam? O que? Você está me pedindo desculpas! Desculpa porra nenhuma! Olha aqui, quem manda aqui sou eu,  faço parte do sindicato!  E vocês devem pensar muito em escolher o próximo representante do povo. A responsabilidade pelo que está acontecendo na minha pátria querida, é minha, é de Tadeu e por que  não só de vocês! Ficam calados? ! Por que?  ah, já sei é mais cômodo, assim ninguém sofre. Mas, pronto, vamos nos organizar, ficar unido. Companheiros avante! Avante! A luta continua.

SECRETÁRIA
Padres, oh meus santos padres! Expliquei ao bando de Tadeu:  prezados  companheiros  a igreja  se apieda  dos que confessam, dos que se arrependem. Inútil. Avarento, não crê  na misericórdia  divina. E por ele pagou um preço. Foi deposto do trono. Com uma mão na frente e outra atrás. Foi expulso do poder, e disse que era igual a um coqueiro, que ninguém o tiraria dali, mas só que os seus companheiros justos tiraram dali, disse que logo, logo voltaria, mas vamos ver se ele volta. Aquele imundo. Não levou nada nas mãos, mas sua conta no banco  da Suissa  engorda  dia após. Gente, tudo é suor do pobre. Mas ele  foi pendurado nas argolas, quase que o povo lhe arranca  as orelhas. Foi uma vergonha para a sua família. Mas este sujeito, um dia tentou me ludibriar. Sou pobre, mas sou justa. Me ofereceu dinheiro para eu ajudá-lo nos seus roubos. Me tratava como um animal. Me propôs trocar a liberdade pela  devolução de papéis, papéis que lhes incriminavam, eu sabia de tudo, tinha medo de denunciá-lo, pois aqui a corda só  quebra para o lado mais fraco. Estes palpeis estão comigo, seguríssimos,  só eu sei onde guardei. Receio que ele mande me matar.padres, por favor rezem por mim, pois nunca fui boa em reza. Tadeu também não sabe rezar, está indiferente  à interdição celestial, ora, ele não teme nem a excomunhão. Foi para gente assim que veio a justiça, a cadeia, ou até mesmo a pena de morte. Admito padres,  tenho pecados. Mas quem não tem? Mas não me vejo presa. Tudo bem, posso ser cúmplice, pois sabia de suas sacanagens, mas nesta terra até que se prove o contrário  ninguém é totalmente inocente. E a igreja é inocente? E eu? E eu? Na masmorra do inferno era o lugar certo para Tadeu. Político cheio de artimanha, se aliou com quem não presta! Com quem só pensou em tirar dinheiro dos pobres e velhinhos aposentados. E o pior é que ele disse que um dia vai voltar a comandar este lugar, mas é ruim das pessoas de bem desta cidade aceitarem aqui ele de novo. Ele foi covarde, enganou povo, deixou o povo a ver navios, no seu governo muitos ganhavam sem trabalhar, eram um bando de corruptos estes marajás. Ainda bem que Tadeu se foi para nunca mais voltar, ainda bem!(sai rindo)

PROFESSORA


AMANTE DE TADEU

























JUIZ

Aqui esta o veredicto final a decisão ficou por conta do jure que atentos e ansiosos ouviram os depoimentos. Uns a favor outros contra Tadeu. E vocês são contra ou a favor ? Como sempre a platéia, o publico quer ficar calado é mais cômodo não participar deste suicídio de idéias, alguém tem que pagar o pato não é? Até mesmo a minha pessoa, que sou honradíssima também me envolveram nesta lama de corrupção, mas isso não tem nada a ver neste tribunal do júri, pois quem está sendo julgado é o Sr. Tadeu . Sim, continuando... estamos a alguns tempo a ouvir horrores de Tadeu e Tomaz acusando-o um homicida de si mesmo o outro homicida do povo e quanto a vocês ditos jurados condenarem Tadeu, calma, vocês não  podem se precipitar, pois aqui ninguém sabe quem é quem, e vocês representam todos os cidadãos de bem desta cidade, não errem no seu julgamento. E aí a platéia já tem seu posicionamento? Entenderam este jogo de representações? O réu é culpado ou inocente ? Vocês vão absorve-lo? Claro que não! Só um louco vai absolvê-lo.
E se ele voltar ao poder ele vai cometer os mesmos crimes e praticar as mesmas injustiças que cometeu. Não podemos esquecer tão fácil o que ele fez, este tal de Tadeu.
        Mas muitos aqui estão cansados. Exaustos e decepcionados com esta farsa inútil. Falar, argumentar, enganar os  outros com palavras bonitas, agente nem sabe se deve rir, chorar ou vaiar, mas  tudo bem , aqui está a platéia, o corpo de jurados, a representação popular. Acredito que  vocês já tem a decisão.     
 Tubos bem fiquem a vontade para julgar.
( Um por um , se posicionam falando culpado, e outros inocente, com tarjetas,pano preto na boca e acorrentados com as tarjetas. No final os dois aparecem comemorando .)








PROFESSORA
Bom! Ouvindo aqui a professora, vocês, crianças provavelmente êi, você ai menino, você mesmo o que é isso? Fique quieto, não é hora de conversar.
Bom! Quero dizer a vocês, certo? De que desde a época das cavernas sempre aparecia um chefe, certos?  Um ditador. Era o poder publico. Depois veio o poder econômico, dos ricos. E juntaram-se os dois, hoje em dia, para oprimir o povo, como sempre, certo?
Bom! O senhor feudal que tomava tudo dos servos. Ate a mulher que o servo escolhia para casar, tinha que passar a primeira com  seu senhor. O menino não é para rir, é pra chorar. A mulher naquele tempo não tinha o mínimo valor. Um animal domestico, um inseto, uma barata, a mulher era isto meu filho, certo, certo?
            Bom! Vocês precisavam adquirir consciência dessas coisas. Não quero ter uma     





                 TAÇAS DE SANGUE          


                    











PERSONAGENS
Lázaro ()   Jezebel (), Homem ()  
Amante (  )    Padre (   ) )Homem 1 (     )Homem 2(     )   Homem 3 (     )   Mulher no banco da igreja()       


ATO 1

 (As cortinas se abrem. O cenário é uma igreja. Um altar com uma grande mesa de madeira, em cima dela uma cruz de prata suja e uma bíblia aberta, o noivo, vestindo um terno preto, a noiva vestindo um vestido vermelho sangue e mais a frente um padre vestido uma batina vermelha e uma estola roxa. A frente deles dois bancos de madeira de cada lado. Do lado do noivo está sentado no meio do primeiro banco uma mulher vestida de gala encolhida, do lado da noiva sentado no segundo banco, encostado na parede, um homem vestido farrapos sujos, que mantem seu olhar constante para baixo. O palco está escuro apenas é iluminado o altar com uma luz branca forte)

Padre: Irmãos e irmãs estamos aqui reunidos para selar a união entre esse homem e essa mulher em sagrado matrimonio... (Desanimo)

(a mulher no banco ri histérica)

Padre: Lazaro aceita Jezebel como sua legitima esposa (Ironia)

(Lazaro olha sua mulher com amor)

Lazaro: Sim! (Veemência)

(o homem no banco olha e abaixa a cabeça novamente)

Padre: E você Jezebel aceita Lazaro como seu legitimo esposo (Ironia)

Jezebel: Sim... (Desdém)

Padre: Então pelos poderes investidos a mim eu os declaro...

(a mulher ri histérica novamente por um longo tempo)

Padre: Marido e...

(Um homem entra pela frente do palco vindo de onde seria a provável entrada, a luz que ilumina o palco volta-se a ele deixando a altar escuro. Ele veste um terno preto como o do noivo, seu rosto é pálido e em seus olhos, largas olheiras negras. A cena congela. O  noivo o olha firmemente com um olhar de espanto.)

Lazaro: O que fazes aqui? E quem é você? (Duvida e leve medo)




Homem: Pois agora caro Lazaro isso é o de menos importante, pois a alguns passos está tu de fazer uma loucura sem fim. (Aponta ao altar)

Lazaro: Jovem desconhecido que não sei quem sois, não estou lhe entendendo! (Calma)

Homem: Porque fazes o que faz?

Lazaro: Porque a amo! Amo muito (Veemência)

Homem: Ama? Essa meretriz? (Aponta a noiva)

Lazaro: Nossos passados estão mortos e enterrados! O passado dela não me interessa! Ela não é mais uma prostituta, hoje é para mim uma santa , uma deusa que veio do jardim de Ísis para me dar mais vida. Te proíbo de falar do meu eterno amor desta forma.(Leve fúria)

Homem: Lazaro olhe ela! Veja o sangue em seu corpo! Tudo nela respira maldade, maldade contra ti. Ela está banhada em sangue. Não vês homem insano!(Furioso aponta a noiva)

Lazaro: Homem estúpido! (Fúria) (Levanta a sua mão) Olhe ela e veja! Transborda de pureza seu ser! Você está louco, perdido em devaneios! Não vejo sangue nenhum em seu corpo! (apaixonado) Veja seu lindo vestido branco! Ela possui a pureza e a sensualidade das ninfas do Olimpo!

Homem: Só um daltônico transforma vermelho em branco. Você está cego, pois não quer ver a realidade . Ela é a serpente do paraíso em forma de mulher, que desceu do Éden para te fazer sujar as mãos com o sangue.Motivo maior: a traição. Ela é uma víbora! (Fúria)

Lazaro: Olha aqui (aponta o dedo para ele)Pois tu vem ao meu casamento, dia que aguardo a tanto,  ofender a minha futura esposa, o meu amor  de salvação!  (Raiva contida) O que fazes aqui? Pois afirmações venenosas tu já fizestes e agora responda a pergunta que lhe fiz quando botou teus pés aqui!

Homem: Pena apenas posso sentir de tu Lazaro. Não te responderei nada agora. (Desdém)

(O homem sai gritando. Lazaro volta ao seu lugar, a luz volta ao palco e a cena continua)

Padre: E mulher (o padre esboça um leve sorriso). Pode beijar a noiva.

(A mulher ri novamente, dessa vez mais alto e mais longamente que antes)

(Lazaro beija Jezebel na testa)

(O homem no banco leva as mãos na cabeça e grita )(Música de casamento)


(As luzes se voltam a entrada, o homem aparece novamente fazendo sinal de reprova com a cabeça)

Lazaro: Eu te amo meu amor! Seremos felizes para sempre! (Veemência)



(A cena para. Jezebel vai a frente e ri sarcástica)

Jezebel: (A frente do palco, olhando a platéia) Tolo, pobre coitado. Que Deus tenha pena de sua carcaça...Idiota, borra–calças! (Desdém)
Pois por mim eu quero que ele queime logo no fogo do inferno, não tão logo (risada histérica) pois antes quero sentir os prazeres do adultério, experimentar o sexo de todos os homens que puder, humilhá-lo descaradamente, fazê-lo perder a dignidade, vou sugar dele até o último vintém. (esboça um sorriso)

(Jezebel volta para perto de Lazaro)

Jezebel: Também te amo.ah sonhei tanto com este dia! (falsidade)

(As luzes se Apagam. Ouve-se o riso da mulher e o grito do homem)

(Fecham-se as cortinas)


ATO 2

(As cortinas se abrem novamente. O palco está dividido em dois. De um lado iluminado está um cenário branco. Numa cadeira, branca como o cenário está sentado Lazaro com a roupa do seu casamento toda rasgada e gasta, a sua frente, sentado numa cadeira igual,  está o homem que estava no seu casamento, vestido do mesmo modo que no dia do casamento.. Os dois estão de lado para a platéia)

Lazaro: (Levando as mãos na cabeça e esboça uma cara de dor) Como dói! a minha cabeça dói muito! Alguma resposta pro favor!

Homem: (Olhar de reprovação e voz dura) Tolo...Só um tolo pede respostas para perguntas que não foram feitas ainda. Primeiro questiona algo homem!

Lazaro: Porque estou aqui? (Duvida)

Homem: Porque não pensa. Olhe no fundo de sua mente (Coloca um dedo na cabeça de Lazaro). Pense... talvez encontrarás alguma respostas para os teus vãos questionamentos.

Lazaro: Tento mais (Leva a mão novamente a cabeça), mas não lembro, minha cabeça dói muito e me sinto meio enjoado ainda. Um pouco zonzo, sei lá. queria lembrar algo.

Homem: Quem sabe eu não lhe possa ajudar. Lembra-se de mim?

Lazaro: Tenho uma vaga lembrança, (ele para e limpa os olhos) mas me lembro. Só não lembro exatamente  de onde.

Homem: Acho que foi a mais ou menos dois anos, quando tu fizeste a besteira de se casar com aquela meretriz (Leve tom de fúria)




Lazaro: Sim! (Leve alegria) você estava lá. Sim agora me lembro, lembro-me te ti e de suas palavras duras para com minha esposa e você me chamou de estúpido(leve fúria).

Homem: Pois agora não vê verdade nelas? Vamos,  responda! Se és homem de fato, responda se puder(Ironia)

Lazaro: Porque deveria? (Coça os olhos)

Homem: Pobre homem... tolo, um idiota é isso que você é, mesmo depois de tudo! Eu já deveria ter esta certeza, não sei porque ínsito nisso!(ironia e leve risada)

Lazaro: Deus como estou confuso! São tantas coisa na minha cabeça. Alguns acontecimentos vem a minha mente como fotos em um álbum, onde as folhas passam, passam mas nada fica. Que droga!
(O homem se afasta)

Homem: Bem (como que se recompondo) Não se lembra de nada? Nem mesmo depois daquele casamento, o que aconteceu depois?

(Lazaro abaixa a cabeça. A cena fica silenciosa por alguns instantes)

Lazaro: (Levantando a cabeça) Acho que sim.

(A luz apaga-se por alguns instantes e volta-se para o outro lado do palco, deixando aquele lado escuro. Nele um cenário de um quarto, com uma cama no meio, um criado-mudo ao lado e em cima dele um copo cheio de algo semelhante a sangue. Em cima da cama Jezebel está sentada vestida com uma camisola vermelho sangue e ao seu lado Lazaro coberto com um lençol azul, usando seu traje sujo)

Lazaro: Acho que nunca fui tão feliz (Olhar amoroso, voz calma. Beija Jezebel)

Jezebel: É (Desdém). Estou com sono Lazaro , e com uma leve dor de cabeça(espreguiçasse) Vamos dormir?

Lazaro: Sim amor, mas eu pensei que eu hoje fôssemos ter uma daquelas noitadas de amor .
Jezebel: Oh Lázaro, meu querido, estou indisposta, sabe naqueles dias.desculpe.

Lazaro: Tudo bem, minha querida(Vira-se para o outro lado e fecha os olhos)

(a cena fica em silencio por um tempo)


(Jezebel levanta-se)

Jezebel:Esse mané nem como conquistar uma  mulher ele sabe. Nem para dar um pouco de prazer esse traste serve! É um inútil!(ódio)

(A cena congela)



 (As luzes se apagam novamente por alguns instantes. Volta-se a iluminar o outro lado. Lazaro sentado ainda no seu lugar e o homem ainda no seu)

Lazaro: Loucura! Só vejo escuridão no porão da minha consciência. E uma mancha de sangue no fim do túnel (confuso e irritado)

Homem: Fatos caro Lazaro, apenas fatos. Infelizmente apenas fatos

Lazaro: (Levanta-se) Porque isso? Deus isso não aconteceu! Deve ser um truque de uma mente maligna, talvez do diabo!(confuso)

Homem: Não. Tenho certeza que não. Acredite é de tua lembrança que tirou isso, ou achas que é algo contrario? Lázaro, não é.

Lazaro: Pois então eu estou louco! Só pode ser isso que estar acontecendo! (confuso)

Homem: Lazaro se isso puder te garantir e se minha palavra valer alguma coisa, eu te digo, não estas louco, pois para que isso aconteça, deves beber primeiro a bebida que está sobre o criado-mudo.(Conciso)

Lazaro: Não, não beberei nada! Quero permanecer sóbrio. Eu sei que algo estranho aconteceu...mais então, se isso realmente aconteceu, então significaria que ...(Lazaro para, se senta, leva as mãos na cabeça por alguns instantes e volta-se novamente ao homem) Não, isso  não pode ser verdade!

(O homem se afasta)

Homem: Bem (Ajeita sua roupa), Lembra-se de algo mais? (aproxima-se)

Lazaro: Minha cabeça agora dói menos e minhas lembranças como que brotam no fundo de minha mente e pois que uma me vem a tona como um tiro. Um tiro.

(As luzes se apagam novamente e logo voltam-se ao outro lado. Do outro lado está um quarto como aquele, só que o fundo é vermelho e a cama está arrumada. Em cima do criado está um copo vazio)

(Entra Jezebel beijando loucamente outro homem, o mesmo que estava sentando no casamento do lado da noiva. Esse vestindo uma camisa azul claro larga e uma calça jeans)


Jezebel: Nojento! (o beija) Me possua! faz de mim teu objeto de prazer! Me lambuza todinha!!!!!!!!!!(o beija, dessa vez um beijo longo) Vem, vem.

Homem de Jeans: Desvairada! Te gosto demais.  (puxa seu cabelo) Quer ser possuída mesmo, em, responde! responde? Aquele teu marido é um corno safado! Tu és minha agora!(joga ela na cama e tira a camisa)

(ele se deita em cima dela e a beija)




(A luz foca apenas num pedaço fora do cenário onde Lazaro está parado)

(Lazaro leva as mãos nos olhos)

(As luzes se apagam e o outro lado e iluminado)

Lazaro: Como ela pode! (Lazaro se levanta. Seu tom é alto e furioso) Maldita!! Desgraçada! Ela deveria está morta, por me trair. E eu que a amava tanto! maldição.(Lazaro chuta sua cadeira)

Homem: Pois eu lhe avisei . Não quis me ouvir. Estava surdo e cego de paixão.

(as luzes se focam em Lazaro)

Lazaro: Vagabunda! (Grito alto)

(as luzes voltam ao normal)

Lazaro: Deus! estou envergonhado de mim mesmo. Por ser um otário! Otários deveriam encontrar no lixo a sua própria sepultura.(senta-se no chão)

(o homem recua)

Homem: (levanta-se e toca a cabeça de Lazaro) Infelizmente tu sempre foi um tolo Lazaro, um otário, como tu mesmo dizes, acreditou nas palavras doces de uma prostituta, de uma mulher sem escrúpulo,fechou seus olhos durante tanto tempo vendo as suas fuças suas traições, e achava que a linda enfermeira fosse uma santa de altar. Não lazaro, ela era o próprio  satã em forma de mulher, pois desvirginou muitos mancebos na tua ausência.

Lazaro: (Abaixa a cabeça) Como pude ser tão tolo? (levanta a cabeça) Tenho nojo de mim mesmo. Estou me sentindo um lixo. (olha o homem nos olhos) a horas  que me escuta e que falas comigo, mas não sei quem tu és de fato. vamos me diz quem tu és.

Homem: A pergunta mais cabível no momento não é onde estás e porque estás ou quem sou? Quem sou acho que saberá em alguns instantes.

Lazaro: Pois me diga homem!

Homem: Pois lembre-se de ontem e saberás

(Lazaro leva as mãos na cabeça)

(um longo silencio)

(as luzes se apagam por um instante e voltam-se ao outro lado)

(o cenário é o mesmo quarto anterior. Jezebel está deitada na cama junto com o homem de calça jeans. Os dois se beijam loucamente. Ao lado deles, em cima do criado, um copo com algo semelhante a sangue até a metade)



Jezebel: Vamos, continua, não pára! deixa-me tirar tua camisa! (excitada. desabotoa a camisa do homem)
Homem de Jeans: (se joga em cima dela e tira a camisa. Sacode seus ombros)Vamos com calma! Hoje tu vai ver realmente o que é ser um homem de verdade! (puxa seu vestido para baixo) Vadia!(lhe dá um tapa de leve no rosto) quer outro tapa, quer em?

(as luzes se focam em Lazaro fora do palco. Lazaro caminha furioso até a cena. A luz o segue. Ele empurra uma porta invisível)

Lazaro: (as luzes ainda focadas nele) Jezebel (grito alto)

(a luz ilumina Jezebel e o homem)

(Jezebel joga o homem de lado e se cobre com um lençol azul claro)

(a luz ilumina todo o cenário daquele lado)

Jezebel: (em tom de medo) Lazaro! (gagueja) Amor eu...Isso não é o que você está pensado! Calma Lazaro!

Lazaro: (em tom de fúria e gritando) Para de fazer seu tipo sua vagabunda! Meretriz! Mulher da vida (ele se aproxima) traidora dos quintos dos infernos>

(o homem de jeans se afasta e se levanta. Jezebel se senta na cama)

Jezebel: (em tom de ironia) Tipo? Eu fazia tipo pra você amor? você  nunca soube o que ser homem de verdade!  Um tremendo borra botas!

(o homem de jeans observa temeroso)

Lazaro: Sua vagabunda! (furioso) Como me olhava nos olhos! Por que dizia que me amava!  E aqueles beijos? (pega no rosto dela) Me diz sua quenga! (aperta seu rosto)

Jezebel: Me solta! (tira a mão de Lazaro do seu rosto) Seu inútil! Veja o que me fez fazer? (gritando) Nem para me dar uma noite de prazer você servia! Acha que me contentaria com aquelas suas metidas sem graça? Aqueles presentinhos horríveis a maioria de um e noventa e nove. Eu fingia cada segundo quando estava com você! quando estava com você era nele que eu pensava (leve sorriso nervoso, num tom de ironia e nervoso)

(o homem de jeans sai de onde está e agarra o braço de Lazaro)

Homem de jeans: Deixe-a . Seu louco! Seu corno!(conciso)

Lazaro: (puxa o braço de supetão e aponta o homem) Some daqui seu desgraçado filho de uma puta! (grito no final)

Homem de jeans: (confiante) Deixe ela! (grito)




Lazaro: (puxa uma arma e aponta para o homem) Some seu vagabundo inútil! seu ruma de bosta! Se não tu vai morrer agora!(gritando. A arma treme na sua mão)

(o homem de jeans levanta as mãos, passa com calma pelo lado e sai correndo da cena)

Jezebel: (extremamente temerosa) Amor por favor abaixa essa arma, por favor. (escorre uma lagrima pelo seu rosto) eu não quero morrer!

Lazaro:Tu merece coisa pior do que a morte! ( ela está de joelho e ele com a arma apontada para ela)

(as luzes se focam em Lazaro. A cena congela)

Lazaro: Como ela podia? Como eu podia? Como fui cego! Como pude ser tão cego, como pude suportar! Não suportarei mais! acho que é chegado o meu fim nesta lamentação.

(as luzes se apagam. Ouve-se um tiro)

(silencio e escuridão por um longo instante)

(a luz volta do outro lado)

(Lazaro está de pé com as roupas e rosto cobertos de sangue. O homem está parado, sentado a sua frente)

Homem: (irônico) Será que agora entende?  Vê o que realmente aconteceu naquela noite?

Lazaro: Eu... (temeroso e assustado) Eu a matei!

(Lazaro cai de joelhos)

Lazaro: Como pude? Eu a amava tanto.(Lazaro tapa o rosto e chora)

Homem: A emoção agiu sobre a razão.Felizmente uma vez na vida teve uma atitude de homem! (ironia)


Lazaro: (levanta a cabeça) Como pode dizer isso? (nojo) E nesse tom! Seu maldito! Tu és por acaso o diabo?(grita)

Homem: Lazaro acalme-se. Não tire conclusões precipitadas sobre mim. Você está afogado num mar de remorso, culpa e satisfação. e com isso  terá muito tempo para se controlar, alias uma eternidade.

Lazaro: O que.. o que... dizes? (gagueja)  me fala quem tu és. Quero ouvir a verdade.

Homem: Olha Lazaro é melhor não,  pois às vezes, a verdade é algo medonho demais.






Lazaro: Mas tenho que ser forte, me sinto fraco, sem forças. Mas como ser forte se por causa de um falso amor fui um covarde, um homicida de mim mesmo. me sinto um nada, é isso que eu sou.

Homem: Mas ás vezes um nada é tudo. E para ficar forte , primeiro  você deve criar raízes profundas  dentro do nada e aprender  a encarar  a sua mais solitária solidão.

Lazaro: Estou me sentindo isolado do mundo e de todos por causa de Jezebel

Homem: Meu caro Lazaro o isolamento só existe no isolamento, uma vez compartilhado com alguém, ele se evapora.

Lazaro: Fui consumido por uma paixão avassaladora, ciúmes depois ,e aqui estou.Por que éramos tão diferentes?

Homem: Olha rapaz, vocês eram dois navios sucumbindo num mar de interesses,onde cada qual tinha sua meta e seu curso. Eram dois estranhos um para com o outro, pois aquela era a lei que imperava no momento. Você cometeu um crime  levado pela violenta emoção. Você  perdeu esta batalha, e não há volta para os perdedores neste jogo de palavras levianas, amores mal-corespondidos, paixões frustradas, agora não há mais volta .

lazaro: O que? o que disse?
Homem: Sim, para você,não há mais volta.
lazaro: Onde estou? Vamos me diga onde estou?Fala, seu monstro! (aberturando-o)

Homem: (ele abre os braços) Bem vindo ao inferno! ao inferno de tua consciência. Lázaro nunca esqueça que o espelho da tua alma é a tua consciência.(gargalhada sarcástica) você está no inferno!

Lazaro: (joga seus braços ao chão) (a luz se foca nele) Não!  Nãooooooooooo(grito longo)

(as luzes se apagam e ouve-se a risada do homem)

(as cortinas se fecham)


ATO 3

(As cortinas se abrem. O cenário antes todo branco está sujo de sangue e terra e está no centro do palco. As cadeiras e o homem sumiram. Lazaro usa uma roupa branca simples )

(Lazaro grita desesperado de joelhos)

(entram dois homem usando roupas brancas e por cima um jaleco vermelho)

Homem 1: Senhor acalme-se!  (tenta segura-lo)

Lazaro: Me solte demonio! (grita furioso e se livra do homem)





Homem 2: Senhor por favor! Calma!  (o segura junto com o homem 1)

Lazaro: Demônios malditos me larguem! saiam de perto de mim.

(entra outro homem vestido como eles segurando uma seringa de vidro suja de sangue)

Homem 3: Segurem ele! Ele está pior do que ontem!

Lazaro: Quantos demônios ainda virão atormentar minha alma? (grita choroso) Deus olhe por mim e me perdoe! (olha para cima enquanto fala em tom choroso) eu não queria ter matado ninguém. Me tira deste inferno. Saiam daqui...por favor saiam!

Homem 1: Ele fala coisa por coisa! É o pior louco que temos aqui. Preparem a injeção, vamos lá, rápido!

(um dos homens deixa a mostra o braço de Lazaro e o outro lha aplica a injeção)

(os homens o seguram por mais um tempo. Lazaro se debate fortemente e grita loucamente)

(Lazaro perde aos poucos a força)

(os dois o soltam e os três homem saem do cenário)

(Lazaro cai no chão, ainda de olhos abertos)

(as luzes se focam mais a frente onde surgem o homem do casamento de mãos dadas com Jezebel usando o vestido de noiva vermelho)

(os dois riem histéricos) ( uma mulher bonita vestida de vermelho vem e derrama duas taças de vinho sobre ele, que está em posição fetal, e ela rir demasiadamente)
(as luzes se apagam. Ouve-se a risada histérica da mulher na igreja)
(um grito de Lazaro que vai sumindo)   (as cortinas se fecham)      FIM




filmes:

- O lenhador
- O bicho de sete cabeças
- O maquinista
- Silent Hill
- A cela
- Fred Gruger





O CASAMENTO DE BRANCA DE NEVE

O caçador entra procura por alguém ansiosamente. Corre para as coxias. Volta exausto.
Resfolega e sai. Entra Branca disfarçada com galhos e folhas. Observa. Joga o mato fora.
Pelas costas vem o caçador e a ameaça passo a passo. Quando ele chega próximo ao corpo dela, ela diz: “Mostre”. Ele exibe o facão. Tenta esfaqueá-la duas vezes e não consegue. Ele diz: “Isso nunca aconteceu comigo antes”. Ela ri, superior(?). Ele sai arrasado. Ela ri. Ele volta, joga um spray no rosto dela. Ela desmaia. Ele diz: “Novata!” Ele sai. Vozes em OFF:
“Eu vou... eu vou... pra casa agora eu vou”, gritos na coxia: “fura greve! Traíra! Você vai se   arrepender! Seu cara de pau! Seu banana! Seu frouxo! Fura greve! Fura greve! Bananão!” (todos riem)
BANANA - Faz greve quem quer. Seus ...seus...(toma um susto e tropeça em Branca e
ela desperta meio confusa, ainda) Oh! Uma garota da cidade!?
BRANCA - Ai! Que dor de cabeça! Quem...quem é você?
BANANA - Prazer... madame...quer dizer senhorita (meio atrapalhado) eu sou um anão.
E você (fareja) Você parece uma garota da cidade.Você é da cidade?
BRANCA - Anrã! E você? Que tipo de anão você é?
BANANA- Sou um dos anões dos contos de fadas, às suas ordens queridinha.
BRANCA- Oh! Um anão do campo! Um anão dos contos de fadas! Que sorte a minha.
Parece que uma desgraça abre as portas da felicidade!Mas...(fica pensativa) não eram sete anões? (Banana está distraído) Ei! (Branca bate palmas) Não eram sete anões? Cadê sua turma, hein? (desconfiada)
BANANA - Éramos sete, mas os outros seis estão em...estão em greve! E eu vou fazer
todo o serviço sozinho! Vou levá-la para nossa casa, vou tratá-la como uma princesa... e
protegê-la de todo o mal! (dá um riso bem estúpido) Faz de conta que você é uma princesinha!
BRANCA - Mas eu “sou” uma princesinha! Deixe-me ver...você deve ser... Dunga...
BANANA - Nananinanão!
BRANCA - Zangado? Soneca? Atchim? Mestre?
BANANA - Eu sou o anão Banana.
BRANCA - Fala sério: como é seu nome?
BANANA - Banana, já disse.
BRANCA- mas por que estão fazendo greve? É estranho não é?
BANANA- Sim, é muito estranho. Mas é porque as pessoas não estão mais valorizando as estórias de contos de fadas. Preferem ficar em frente a vídeo games ou diante da TV. Com esta greve esperam resgatar o interesse das crianças. As crianças estão ficando adulta cedo demais. E isto a beleza e a magia próprio das crianças estão desaparecendo, e todos os personagens das estórias encantadas estão muitos tristes. E isso me dá até vontade de chorar.(chora)
BRANCA- ´Calma! Calma! Tome este lenço!
BANANA- Chuahhhhhhhhhhhhh! (Ele se assua)
Branca- Nossa! (ouve um baraulho) Que barulho foi esse?
VOZ - (estranha, em OFF) Ui! Alguém...socorro! Estou sendo atacada por um  lobo mau! Socorro ele vai me pegar!está me perseguindo! Ai! To com medo! Alguém ajude uma pobre donzela em apuros!
BANANA - Uma donzela em apuros? Tcham,tcham,tcham, tcham! Isso é um trabalho
para o super-banana! Espere aqui mocinha (sai correndo e volta) e não dê nem um passo até eu voltar. Com certeza deve ser a linda chapeuzinho vermelho que vai levar doces para a vovozinha!
BRANCA – Ah vá logo! Eu e Chapeuzinho Vermelho ficamos de ir hoje  para uma festa de aniversário da Bela Adormecida, comemorar os seus cento e dez anos . Vá meu amigo corra! E  aqui fico eu sozinha, nesta floresta!  Eu não tenho outra escolha! (Banana sai e Branca canta. Nisso, entra a bruxa, disfarçada de pobre velhinha com o cesto cheio de maças envenenadas! Cantando TODO MUNDO TÁ FELIZ, TÁ FELIZ..)
BRUXA - Ah! Graças ao meu bom Senhor encontro ajuda!
BRANCA - Pobre velhinha. (olha para a platéia)
BRUXA - Ai,que cansaço! O meu reumatismo...a minha vista...eu sou tããããão doente.
Eu estou indo à casa da minha prima...a avó da Chapeuzinho Vermelho.(arregala os olhos).
BRANCA- Mas que maçãs tão bonitas ,minha senhora.
BRUXA - Você...gostaria de prová-las?... quer esta bela maçã?
BRANCA - Mas é claro, boa senhora! (pega uma maçã da velha) Vou comê-la agora
mesmo! (PAUSA)
BRUXA - O que foi? Por que parou? Parou por quê?...
BRANCA - Espera aí. Eu não conheço você de algum lugar?
BRUXA - Quem sabe? Este mundo é tão pequeno não é mesmo? E são tantos contos de
fadas...mas...(ansiosa) experimente esta...(aponta com unhas enormes) fruta, meu bem.
BRANCA - É. Que mal uma maçã pode fazer .Não é? (vira-se para a platéia) Não
acham?(Branca morde a maçã e cai morta, a bruxa ri).
BRUXA - Meu Deus! Quanto mais o tempo passa mais gente cai neste velho truque!
Agora vou ser dona de toda a fortuna! Sozinha! Este país agora é meu! Esta Branca é mesmo uma idiota. Como é que ela não me reconheceu? Eu sou mesmo uma ótima atriz. Querem maçãs,querem? (dá risadinhas horríveis e sai ameaçando tudo e todos, Banana volta aflito)
BANANA - Não encontrei ninguém,... (olha para Branca e toma um susto calculado)
Moça! (olha para a platéia) Eu não gosto desta parte da história! (olha para o cadáver
de Branca) Acorde! (pega no pulso) Ela está gelada (escuta o coração) Pode ser que esteja viva, mas o coração parou de bater; (chora) Ela está morta! Oh não e mais essa! Que é que eu vou fazer? Acho que eu devia chamar a polícia! O que é isso? (pega a m envenenada! Só pode ser isso! Pobre garota! Não vejo ninguém ao redor. A não ser  belo príncipe que se aproxima (entra o príncipe).
PRÍNCIPE - O que vejo? Uma donzela deitada? Parece-me uma princesinha envenenada
por alguma madrasta malvada...Que lábios! (olha para a platéia como se fosse um galã
de novela das seis) Vocês podem me dizer quem é este anão insignificante, que está tentando
roubar a minha cena?(olha de soslaio para Banana)Você é....bem, você sabe...o empregado
dela?
BANANA - Eu bem que tentei servi-la, meu senhor. Mas não foi possível, senhor. Alguém
chegou antes de mim e fez...o serviço completo. Eu não sei bem o que aconteceu. Mas,
acho que ela... morreu! Quer dizer eu a conheci minutos antes. Esta maçã...
PRÍNCIPE - Você “acha” , é?(pausa) Bem...
BANANA - Eu acho que...
PRÍNCIPE - Silêncio! Já ouvi o bastante, deixe-me beijá-la.
BANANA - Mas...
PRÍNCIPE - Comigo não tem “mas...” meu filho, vou direto ao assunto, se eu beijá-la,
ela vai ressuscitar! (ele a beija)
BRANCA - Meu príncipe encantado! Onde estou? Quem sou eu? É tudo tão estranho!
PRINCIPE - Quer ser feliz para sempre no meu palácio?
BRANCA - O quê? (Gagueja) Sim. (beijam-se) sim (beijam-se) sim!
BANANA - Senhor, estou desempregado. Sou um pobre escravo de uma sociedade injusta. Explorado neste país que está cheio de corruptos. Quero sair daqui! Leve-me para o seu reino. Por favor.Agora em inglês;Pleasssssseeeeeeeeeeeeeeeeeeee!


PRÍNCIPE - Claro. Meu reino está precisando de escravos. Pagamos bem.mas se não fizer o trabalho direito...
BRANCA - Oh! Quanta felicidade! (o telefone do príncipe dispara com um barulho
bem esquisito. Ele atende)
BANANA - Que telefone engraçado! Parece mais  um tijolo, uma rapadura, sei lá!

PRÍNCIPE - Cala a boca,por favor! (pausa) Sim. Pode completar a ligação. Alô? É o meu contador. Sim, diga, Sr. Ministro. (pausa) O quê?... Oh! Não acredito.
Como isso pode acontecer? Ah! o povo revoltou-se. Espere aí Sr. Ministro, ó minha filha, você não tem um reino perdido não?
BRANCA - Sim um reino, meeeeeeu rrrrreino, que minha madrasta, uma bruxa
terrível,roubou!
PRÍNCIPE - Uau! (assovia) Puxa vida. (Olha para Branca de alto a baixo. Pisca os
olhos várias vezes)É Fan-tás-ti-co. Ó ministro,  tem aqui uma princesinha com um reino
perdido! sou mesmo um sortudo! (pausa) o quê?(escuta). Certo, eu vou perguntar a ela:
minha , onde fica mesmo esse seu reino?
BRANCA - A algumas milhas daqui, senhor! Mas só tem um porém!
PRÍNCIPE - E qual é meu bem?
BRANCA - Minha madrasta é,como eu já disse, uma... (fala consigo mesma) Como é
que eu posso explicar? Assim... (torce as mãos,inquieta) minha madrasta é... macumbeira!
Entendeu? Fez feitiço forte e acabou com a vida do meu pobre pai
PRÍNCIPE - Quer dizer ( coloca a mão na boca) que seu pai...o rei...casou com... a tal
catimbozeira e..
BRANCA - Aanrrrãã...(balança a cabeça afirmativamente) Ela destruiu meu papai
(chora um pouco e meio cômica) Depois Pega um lencinho que o príncipe oferece, funga)
depois, ela tentou, como pode ver, acabar comigo .
PRÍNCIPE - Que mulher cruel! Ela merece é um mói de peia! Para aprender a não mexer com o reino dos outros.(faz expressão esquisita, o príncipe tem dupla personalidade).
BRANCA - Só de pensar na minha madrasta eu me arrepio todinha! Chega dá vontade de chorar....(começa a chorar)
PRÍNCIPE - Ô minha filha...coitadinha...venha cá (abraça Branca, faz carinho).
BRANCA - (soluçando como criancinha) E...(engole o choro) e agora..é...é...
PRÍNCIPE - é...
BRANCA - é...
PRÍNCIPE - É o quê? Diga logo, porque o Ministro está aqui no telefone, esperando
sua resposta. (bem confiante) Acredite: o ministro, meu advogado  tem solução para tudo que é problema. Com ele, tudo vira pizza no final. É um marajá!
BRANCA – Marajá? É a mesma coisa de maracujá?
PRINCIPE- Não! Você está fazendo confusão.
BRANCA- E o Ele tem solução pra tudo? Pois então eu vou dizer. Minha madrasta, a
rainha Lola Tola é a rainha de todo o pedaço agora . Tomou toooooodo o meu dinheiro também. Ela tem é inveja de mim! Só porque sou a Branca de Neve.
PRÍNCIPE - Nojenta!
BRANCA- o que! Você está me chamando de nojenta?
PRINCIPE- Não!  Claro que não! É a tal macumbeira, esta bruxa de uma figa! Jamais eu falaria isso com você. Uma coisinha tão bonitinha como você, não merecia uma madrasta
tão má.
BRANCA - Esta vida é mesmo injusta. Não é? E o meu pobre pai?Ohhhh(começa a chorar)
PRÍNCIPE - (ao telefone) o que, Ministro , o que disse? (pausa ) Fale alto a ligação
está péssima(escuta,tosse) ah, sim! Como foi que a bruxa ..Branca meu docinho de coco como é que ela acabou com seu pai,o rei?
BRANCA - Isto não está muito bem explicado no conto de fadas em que estamos.
PRÍNCIPE - Não se preocupe. (volta a falar com o Ministro  ao telefone)
Mas...Ministro!(pausa) Pois é, ministro : uma bruxa no pedaço! Que faço? (pausa) Ah!
Você conhece uma equipe de espertinhos que acabam com qualquer vam-pi-ra? (pausa)
Ótimo! Então eu estou lhe esperando, aqui. Sim: é no bosque das Ilusões Perdidas. pausa) Exatamente. Este mesmo. Até logo. (desliga o telefone) Ah! Nada como a tecnologia! Aí, galera: já tenho a solução .
BANANA - É para isso que servem os príncipes! (bem abusado, afinal, antipatizou definitivamente com o príncipe) E aí, véio? Qual é a idéia?
PRÍNCIPE - Como é mesmo o seu nome , hein, seu anão?
BANANA - Banana, o anão.
PRÍNCIPE - Pois bem seu Banana,  anão. O  meu advogado o Ministro , disse que se nos
uníssemos ao reino da princesa... ei, neném (pega no queixo dela)
BRANCA - ã h...?
PRÍNCIPE - Como é mesmo o seu nome, gatinha?
BRANCA - Branca, senhor, Branca de Neve.
PRÍNCIPE - Juntos retomaremos o poder. Eu e você, minha branquinha. (alisa o
braço dela) tão branquinha...meu Deus, chega dá medo, ela pode desbotar!(faz carinho)
BANANA - Mas (Banana se interpõe entre o casal, separando-os) como? E a bruxa? A
perversa macumbeira ?
PRÍNCIPE - Você está dispensado. De agora em diante, eu, protegerei a princesa
Branca. Não lembra da história? O príncipe sempre cuida da princesa!
BANANA - Êpa! Na história os anões ficam ao lado do príncipe. Lembre-se: o feitiço
da rainha Lola Tola é perigoso.
PRÍNCIPE - Esse negócio de feitiço é muito relativo, meu caro.Vamos convencer a
madrasta a se aliar a nós(todos olham para o príncipe desconfiados)que foi, por que estão olhando para mim? ...ou colocá-la na cadeia por tentativa de envenenamento.
BRANCA - (abraça-o) E construir um mundo muito melhor.Todinho ele só cheinho de
muito, muito amor...Não meu príncipe?
PRÍNCIPE - Isso é tão...emocionante! Uau! Mas, temos que ser práticos. Não é? (olha
para o anão lacaio) Bananão! Mudei de idéia: Quer ser nosso lacaio?
BANANA - É melhor ser lacaio de príncipe que ser operário. Não acha princesinha
Branquinha? (beija a delicada mãozinha de Branca).
BRANCA - E agora ,meu príncipe? O que faremos agora?
PRÍNCIPE - Agora,ora essa! Agora vamos nos casar. Mas como o Ministro está demorando!
(entra o ministro , ao som de barulho de avião caindo e o Ministro entra em cena
caindo por cima de todos de maneira engraçado, todos vão ao chão) Finalmente, Ministro! Mas por que tanta demora. Hein?
MINISTRO - Ó,senhor! Boa tarde (olha para a platéia) Boa tarde... A senhorita, eu
suponho...
BRANCA - Sou a princesa Branca.
MINISTRO - Muito prazer, minha jovem (beija-lhe a mão,fazendo reverência. Vira-se
depois para o príncipe,esbarram-se)
PRÍNCIPE - Cuidado, ministro ! Mas, conte-me: o que aconteceu?
MINISTRO - Tive que hipotecar o seu palácio para fazer esta viagem senhor! E o
avião não tinha combustível suficiente, tive que dar um calote na dívida. Enjoei na viagem o radar começou a apresentar defeito.
BANANA - Mas, seu sinistro...
MINISTRO - Mi-nis-tro! Quem é você?
BRANCA - Ele é o Bananão. Um dos sete anões de Guaraciaba.
MINISTRO - Você é de Guaraciaba?
BANANA - Sim, seu sinistro.Eu sou lá das bandas do Berra, também conhecido como Boqueirão - (arregalando os olhos e fazendo expressão interesseira)

PRÍNCIPE - Chega de blá, blá, blá! Pegue os papéis e vamos logo nos casar: Venha
cá,minha filha. (fazem os preparativos)Você, Banana, será a testemunha, é lógico. Você tem uma mesa?
BRANCA - (ao mesmo tempo do Ministro) Banana, você tem um batom?
PRÍNCIPE - (ao mesmo tempo do Ministra) Tem um espelho?
BANANA - Sim, Senhor! (atrapalhado) Não, senhora!Eu tô doido,to doido!
PRÍNCIPE - Calma, meu rapaz, estamos começando a bagunçar!
BRANCA - É mesmo? Ui! (o príncipe a abraça).
PRÍNCIPE - Prepare-se, gata! Vamos botar fogo neste circo! (Banana cantarola a Marcha
Nupcial. Formam para o casamento)
MINISTRO - Aceita esta garota como sua legítima esposa?
PRÍNCIPE - Sim.
MINISTRO - Aceita este boy como um  esposo?
BRANCA - Yes! Yeess!
MINISTRO - Então: considerem-se marido e mulher até que...
BANANA - A (olhar insinuante) morte os separe.
MINISTRO - Pois é. Assine aqui, senhor Banana.
BANANA - Eu não sei escrever, nunca fui a escola: posso colocar meu dedo? Nunca ninguém se preocupou com a minha educação...(triste)
MINISTRO- Não precisa, pode colocar um xis.(resolvem tudo)
PRÍNCIPE - Agora que já nos casamos: vamos ao plano!
MINISTRO - Sim. A história é a seguinte: Primeiro: temos que ter uma prova contra a  madrasta, depois temos de sensibilizar a opinião pública. Este povo que aí está.
MINISTRO- Você tem alguma prova das maldades da sua madrasta, a rainha?
BRANCA - Pra falar a verdade...é a minha palavra contra a dela.
MINISTRO - Oh! Mas isso então é um problema! Temos que ter alguma prova da maldade dela! Alguma foto, um DVD, algum papel assinado por ela! Alguma coisa. Um pedaço de rapadura...
BRANCA - Não senhora.
MINISTRO - Qual foi o último golpe desta... vigarista?
BRANCA - Ela se transformou numa boa velhinha, ou contratou uma boa velhinha e
me deu uma maçã que me fez morrer.
MINISTRO - Você está morta?
BANANA - (fala para a platéia) Não, sua anta. (volta-se para o Ministro) O príncipe encantado (aponta) deu um beijo nela e ela reviveu! Pronto! Tá ligada?
MINISTRO - Ah, claro. (meio sem graça) Bom, como não temos nenhuma prova contra
a rainha Lola Tola, então...deixe-me pensar...(Pensa..Todos giram no palco ,com ela) Então...
TODOS - Então...? (ansiosos)
MINISTRO - Nós temos que...(olha para cima) blefar!
BANANA - Blefar?
MINISTRO - Sim. Mentir: se disséssemos que temos a foto da madrasta transformada
em velhinha oferecendo a maçã a Branca? E que temos a prova médica de que houve tentativa de envenenamento?
PRÍNCIPE - Isto tudo está me dando uma fome insuportável. No meu governo, tudo
acaba em pizza. Tem uma pizzaria por aqui, galera?
BANANA - Tem, brother. Fica bem perto do castelo da bruxa/rainha Lola Tola, a macumbeira do babado!
PRÍNCIPE - Que péssimo, velho.
MINISTRO - Então temos que mandar uma mensagem por escrito para a bruxa... Mas,
quem levaria a mensagem para a megera ? (todos olham para Banana)
BANANA - Éeee! Num vou não! Ah,não!
PRÍNCIPE - Anão vai, sim
BANANA - Aquela megera vai é me transformar num sapo! Já soube que ela de-tes-ta
anões.
MINISTRO - Pronto. Acabei de escrever a carta. Você vai levar esta carta para a bruxa,
e esperar a resposta.
BANANA - Isso eu entendi. Não entendo é por que nós não podemos telefonar...
MINISTRO - Temos que entregar a ela pessoalmente a intimação!
BRANCA - Isto é que é eficiência. E qual é a proposta para um acordo futuro, ó, ministro?
MINISTRO - Simples: 60% para nós... quer dizer para a princesa Branca e 40% para a
rainha má.
BRANCA - Vocês são tão inteligentes! Mas eu sei que dinheiro não é tudo.
BANANA - E vocês acham que a bruxa vai entregar tudo assim de mão beijada, é?
BRANCA - É mesmo, gente! Aquela fera vai rugir até as últimas conseqüências para...
segurar o que é dela... quer dizer, meu! Ou... nosso.(dá um risinho aguado)
PRÍNCIPE - Assim é que se fala, neném!Olhem: Vou continuar a minha caminhada,
não liguem se eu voltar tarde da noite.
BRANCA - Na nossa lua de mel....
PRÍNCIPE - Na hora certa eu voltarei.(sai misteriosamente)
BRANCA- Ah que marido esquisito eu fui arranjar.
BANANA - É cada uma! Neste conto de fadas. Até marido que abandona a esposa no dia do casamento! Só vendo para crer.
MINISTRO:Por favor silêncio. Deixem ele ir. Sim, nesta carta marco um encontro aqui, amanhã.
BANANA - E se ela tiver algum compromisso marcado? Estas bruxas de hoje são tão ocupadas.
MINISTRO - Ela desmarca! Ora! O dinheiro dela está em jogo.
BRANCA - Lola Tola não é tão boba quanto parece..
BANANA - Estou morrendo de medo de entrar naquele castelo assombrado!
BRANCA - Não tenha medo, Banana! Tudo vai dar certo. Eu vou lhe ensinar alguns
truques daquele castelo, fui criada ali, conheço ele como a palma da minha mão.
MINISTRO - Já que está tudo arranjado, faça mais um favor, Banana: na volta, passe
pela pizzaria e traga uma pizza de atum com orégano, sem molho de tomate,
BRANCA - Ah! Eu quero uma à moda da casa com bastante catchup! Hum! Traga
umas latas de refrigerantes também.
BANANA - Umas latas de atum... não! Com orégano e um refrigerante à moda, eu tô
doido, tô doido. Por que a gente não pede pelo telefone?
MINISTRO - Vá embora,antes que seja tarde e volte logo. Está me entendendo? Deixe
as pizzas que eu cuido disso. Afinal, eu sou uma ministra. Agora vá, de uma vez!
BRANCA - Leve este meu lenço. Para lhe dar sorte! Adeus! (tem um pressentimento)
Quer dizer... até logo! (Saem todos menos Banana, que canta algo enquanto sobe o telão da
floresta)

No castelo da bruxa (música sinistra)

RAINHA - Ah! Meu fiel corvo não está sendo fácil. Morro de medo, destas preocupações me trazerem... rugas! Éta! Que povinho ignorante! imbecis, mal agradecidos! (alisa o corvo). A propósito, meu caro corvo, o que você faz toda manhã que não estava aqui no palácio? Como você e bonitinho! Tão pretinho, tão pretinho! Você tem certeza que prefere ser um pássaro?
CORVO - Crau! (sussurra para a platéia) É agora que ela vai me descobrir! Estou muito bem, majestade, assim, deste jeito: adoro ser um pássaro negro e agourento. Ah, ah, ah! Sou um terror! E não esqueça de que sou um pássaro, mágico!
RAINHA - Então, senhor pássaro mágico: diga-me o que fazer para conseguir mais
poder, dinheiro, diversão! Uma TV digital Está tudo tão chato tão... monótono!... tão... Des-gra-ça-do! Oh! De que adianta ser a mais bela? A mais rica? Controlar todos os meus negócios? Se... Se... eu não sou feliz! (choraminga)
CORVO - Majestade, se me permite.
RAINHA - Claro. Prossiga meu amigo.
CORVO - A senhora devia agitar mais.
RAINHA - Como assim?
CORVO - A senhora está muito paradona; Muito trancada neste castelo sombrio!
RAINHA - Mas aqui eu tenho tudo que eu quero! E você sabe que eu não posso me
“expor” muito senão perderei meus poderes mágicos. Eu preciso de um bom plano! Aquela
sua idéia de acabar com a princesa Branca foi per-fei-ta! Invente mais alguma coisa! Por favor!
CORVO - Calma, majestade: não vamos perder a classe, certo? Isso é muito importante.
RAINHA - Ah! Espelho, espelho meu, existe alguém mais abusada do que eu?
CORVO - Descobri! EUREKA! A senhora não é dona das televisões, revistas, jornais,
rádios, tv, tudo?
RAINHA - Sim, e daí?
CORVO - Madame – transforme-se numa superstar!!!
RAINHA - Numa estrela? Como assim se todos me odeiam e me chama de Rainha
má?
CORVO - Esse povo sempre tem ódio de alguém é o mal da humanidade. Mas, se a
senhora fosse uma cantora de sucesso, uma atriz famosa... um bom filme, um bom disco, um videoclipe!
RAINHA - Mas... eu não sei cantar!
CORVO - A gente dá um jeito nisso. Imagine, este povinho, que lhe odeia, ser obrigado
a comprar seus discos, seus filmes, fotos!
RAINHA - Uau! Vai ser a glória! Agora (vira-se para o espelho / platéia) Espelho!
Espelho meu. Existe neste país alguém mais bela do que eu?
ESPELHO - (EM OFF) – Sim! Bruxa bela se faz, mas... tão bela quanto a princesa
Branca? Jamais!
CORVO - Cale-se, insolente!
ESPELHO - E você seu babaca antiquado! não deu conta do recado! Retardado! Bicho
incompetente, pensa que não sei do seu segredo? (-som de vidro estilhaçando-se).
RAINHA - Por que você quebrou meu espelho? O que será de mim sem ele? Oh!
Ohhh!...
CORVO - Madame... foi impulso...
RAINHA - isso é um agouro! É muita coisa ruim que vem por aí (nisso entra Banana e
fica escondido) Engraçado: estou sentido um cheiro estranho... cheiro de anão! Opa! Mas, o que é isso?
CORVO - Ahá! É um dos sete anões, aposto que veio nos espionar! Cuidado, majestade.
Essa é uma racinha perigosa!
RAINHA - Sim! Já ouvi falar muito deles! O que está fazendo aqui, sua criatura insignificante? Como passou pelos meus guardas? (ameaça Banana) Fale enquanto tem língua, seu miserável! (pausa)
CORVO - Fale! (aperta o pescoço de Banana que geme)
RAINHA - Solte o pescoço dele! Corvo Maligno! Solte o pescoço dele!
CORVO - Sim. Já ia me distraindo e estrangulando o bichinho. (Banana treme)
RAINHA - Acalme-se. Como é mesmo seu nome?
BANANA - Ba... Ba... Baaaanan... na! Se-se-nhora. Banana, o anão.
CORVO - Desembuche homem, o que esta fazendo aqui? Espionando, é óbvio!
BANANA - Não estou espionando. Fui mandado pela princesa Branca. Que logo será
rainha Branca. Você pensa que ela morreu, é? Dona bruxa! Ela está vivinha. Você sabe como termina a história, não é? O povo unido jamais será vencido!
RAINHA - Que atrevimento: um revolucionário dentro do meu palácio! Será fuzilado
hoje mesmo!
BANANA - Calminha aí, minha tia! Seu papo vai mudar muito quando ler esta carta.
Tá pensando o quê? Tá pensando o quê? Que... que a minha turma é otária, é? Tá enganadíssima e quem vai se ferrar é você, feíssima!
RAINHA - O quê? Está me afrontando, sujeito? Quebro-lhe a cara agora mesmo!
BANANA - Sugiro que leia, dona feia, a carta da princesa antes que eu parta!
CORVO - Deixe-me ver a carta! (Corvo lê os papéis)
RAINHA - Você não perde por esperar. “Seu” Banana. Ah! Que nome!
CORVO - Incrível! Nesta intimação estão escritas ordens em relação a senhora Madame.
Acusam-na de impostora. Incompetente. Ditadora! (suspira enfurecido) Usurpadora e
por último de... bandida!
RAINHA - Oh! (quase desmaia) Quem se atreve? A princesa? Aquela garotinha tão
“bonitinha, branquinha e educada”? Por quê? (faz biquinho)
CORVO: O advogado dela, um tal de...(olha o papel) Ministro, garante que tem
provas suficientes de todas as maldades e falcatruas da rainha. Aposto que...
BANANA - (tamborila o pé no chão) E aí?
CORVO - E aí, o quê? Seu banana podre?
BANANA - Podre é você!
RAINHA - Parem com esta baixaria na minha frente! Isso me deixa doente.
BANANA - Preciso levar uma resposta!
CORVO - Eles propõem um encontro amanhã no bosque das Ilusões perdidas, para fechar acordos.
BANANA - E aí, minha véia? (cruza os braços) Topa se encontrar com a gente amanhã
de manhã ou não?
RAINHA - O que é que você acha, meu caro Corvo? Que faço?
CORVO - É o jeito: ir ao tal encontro para uma negociação. Quanto a você, seu Banana.
Por que não passa a noite no castelo? (planos maldosos) Poderíamos “jantar”, nós três.
BANANA - Poxa! Acha que sou trouxa? Vocês querem é me enganar! Me subornar.
Que cambada!
RAINHA - Então está marcado o encontro amanhã na floresta?
CORVO - Sim.
RAINHA - Que baixo astral!
BANANA - Tchau amores. Até amanhã de manhã. (Sai,canta “Eu vou, eu vou, pra casa
agora eu vou...”)
RAINHA - Estou perdida. (chora um pouco)
CORVO - Calma, majestade!
RAINHA - Há um minuto atrás eu tinha tudo.
CORVO - Pra falar a verdade eu já sabia. Eles não pegaram de surpresa!Mas isso tem
uma saída.
RAINHA - E você nem me contou. Puxa vida que vamos fazer? A culpa foi sua,
Corvo! Você é quem ficava me instigando a cometer loucuras!
CORVO - Vou me recolher aos meus aposentos para pensar. Boa noite, senhora!Nos
encontraremos pela manhã e... tudo será resolvido
RAINHA - Oh! Meu queridinho. Só tenho você mesmo.
CORVO - Se me permite dizer: A senhora está linda, madame: estas lágrimas deram
um toque especial à sua beleza.
RAINHA - Ah! Quem sabe você não é um príncipe encantado? Hum! (ri) Eu sou
mesmo uma tola. Sonhar com príncipes encantados neste país! Lola louca! Acho que vou
tomar um cálice de licor de sangue de Fênix, antes de dormir. Se... eu conseguir dormir!
Esta vai ser a noite mais terrível de toda a minha vida! (pausa, se olham) Até amanhã, meu
caro! (sai)
CORVO - Ah! Minha rainha se a senhora soubesse... se eu pudesse lhe contar... sobre
meu encanto. De manhã, ser humano e à noite, um corvo. Dupla personalidade. O príncipe e o monstro! Este meu encanto só será quebrado por alguém que me... ame e nunca queira me perder! A princesinha é só interesse e Lola me tem como empregado. Quem me daria uma prova inconfundível do seu amor?

BANANA- O príncipe e o corvo, seriam a mesma pessoa? Que bagunça (bate com a
cabeça em algum lugar e fica atordoado): eu tô doido, tô doido (sai). Deixa eu correr...

RAINHA: Corvo! Corvo! Decidi não vou perder tempo aqui sofrendo, vamos logo, agorinha mesmo para o bosque das Ilusões. Preciso resolver logo esta arenga, que parece mais coisa de...
CORVO: Senhora, olhe os palavreadas. (música de agitação)

NO BOSQUE DAS ILUSÕES PERDIDAS (todos bem alegres e satisfeitos escutam as
façanhas de Banana).
MINISTRO: Ai banana ainda bem que chegou, já tava ficando preocupada.
BRANCA: E aí deu tudo certo?
BANANA: Sim, deu tudo certo...mas...
TODOS: Mas....
BANANA: Ela já está a caminho, por pouco ela não passou por mim.
TODOS: o que??????
BANANA - Vejam! Eles estão chegando (entram a rainha e o Corvo) Virgem, como a
senhora está feia!  Onde está a vassoura que lhe trouxe até aqui? (olha para o Corvo) E você o que quer? Vai encarar macho véi?
RAINHA - Cala a boca, gentalha!
BRANCA - No meu reino há um bom lugar para todos.
MINISTRO- Isso mesmo. Não viemos para subtrair. Ao contrário, devemos acrescentar
sempre e para isso contamos com seu apoio, rainha.
RAINHA - Então eu vou continuar sendo rainha?
MINISTRO - Não foi bem isso que eu quis dizer, madame... A senhora vai governar escondida.
CORVO - Como assim “escondida”? (está triste)
MINISTRO - Por algum tempo, até que o povo se acalme.
BRANCA - Por alguns meses.
CORVO - E você, é claro, depois, será ... rainha?!
BANANA - É claro: o país é dela! Rainha Branca, a mais linda.
BRANCA - Acho que está na hora de assinarmos o contrato e acabar de vez com este
“mal entendido”.
BANANA - Também acho ta muito “morgado” aqui. Mas...cadê o príncipe?
MINISTRO - Cale a boca, Banana. Eu assino por ele.
CORVO - Devagar com a bagunça: de quanto será nossa percentagem nos lucros do
país? Afinal, nós também temos direitos.
RAINHA - Sim, nossos direitos...
MINISTRO - Oitenta por cento para nós e vinte por cento para a senhora.
CORVO - Calminha ai! Não era 60% para a princesa e 40% para nós ?
RAINHA - Isso não é direito.Isso é...esquerdo! Isso é... um absurdo! (pausa.Olha para
o Corvo que parece resignado com a derrota) Eu aceito...
CORVO – Ah  madame eles estão blefando!
BANANA - Esse cara não se parece muito com o ... o ..
RAINHA - Já estou cansada. Calem a boca, vocês dois!
BANANA - Viu? Bem feito! Levou um fora.
RAINHA - Cadê? Dê-me a caneta. Onde assassino? Quer dizer...assino? (assina o
documento)
MINISTRO - Agora que a senhora já assinou... (pega o papel do contrato, dobra e põe a
mão em cima). Permita-me dizer-lhe madame, que estávamos blefando.
RAINHA - Blefando? Como assim?
BANANA - Foi tudo um truque.
CORVO - Eu não disse, madame?!
BRANCA - Para conseguir meu reino de volta!
MINISTRO - Não tínhamos provas contra a senhora. E ele sabia. (ri)
CORVO - Ah! É assim? (num pulo pega o contrato e sai correndo pelo bosque)
BRANCA - Oh! Não!
BANANA - Que bobeira! Vamos correr atrás daquele corvo (correm- luz ofuscante . Música)
MINISTRO - (Olhando para as coxias) Não consigo ver o que está acontecendo. (barulho de água)
BANANA - Vejam! O corvo caiu no rio.
RAINHA - Alguém precisa salvá-lo! Ele não sabe nadar!
MINISTRO - Eu vou.
BANANA - A senhora não pode se arriscar. É muito perigoso. Muito! Muito, muito, muito...
RAINHA - As vestes do corvo estão molhadas. Ele não pode se movimentar .Será o fim para ele!
BANANA - Estas águas são traiçoeiras. Eu vou.
BRANCA - Mas você também não sabe nadar. E... olhem!
BANANA - O contrato não caiu na água!
BRANCA - Eu vou.
BANANA - Não! Eu vou.
TODOS - Vá logo!
BANANA - Pensando bem...não é uma boa idéia.
CORVO - (Gritos em off) Estou morrendo afogado! Glub! Glub! Arg! So-Socoorrooo!
Humpftfffff! Ui! Alguém!
RAINHA - Já vou, meu querido! (sai como uma louca correndo)
BRANCA - Que coragem!
BANANA - Olhem! Ela vai se jogar de cima da ponte.
MINISTRO - Daquela altura?
BANANA - Desta bagunça esta velha não escapa!
MINISTRO- Nossa! (som de algo pesado caindo na água) Mas não é que ela pulou,
mesmo?!
BANANA - Ela deve gostar de verdade daquele bicho preto, tem gosto pra tudo neste
mundo!
MINISTRO - Ela está conseguindo arrastá-lo para a margem. Vou ajudá-los (sai)
BRANCA - Banana! Ajuda o Ministro, sim?
BANANA - Sabia que ia sobrar pra mim (sai)
BRANCA - Será que conseguiremos recuperar o contrato? Provavelmente, sim. O papel
está protegido. Eles estão vindo para cá.
MINISTRO - (entram o Corvo, Lola, Ministro e Banana) Consegui recuperar o contrato
(mostra-o). Mas acho que o pobre bicho perdeu a vida!
BANANA - Ele engoliu muita água, não tem mais jeito. Bichinho!
RAINHA - Viu, Corvo, aonde nos levou nossa ambição? Se fôssemos... (corvo se
mexe) Você... está vivo! Oh! Meu companheiro! Se eu pudesse... eu daria minha vida, para
que você continuasse... vivo! (o corvo vai morrendo) Oh! Não se vá; fale comigo!
BRANCA - Por favor, calma, (dramática) mamãe!
RAINHA - Você me chamou de mamãe! Oh! Deus seja louvado, nem tudo está perdido.
BRANCA - Você não casou com meu pai? Então? Mamãe!
MINISTRO- (em segredo para Branca) Você está falando sério?
BRANCA - Mais ou menos. Preciso acalmar a rainha!
RAINHA - Não! (o corvo desmaia. A rainha beija-o, as (capa) penas dele vão caindo).
BANANA - Olhem. Ele está se “desmanchando”! Eita: ele virou o... príncipe!
BRANCA - Depois do beijo da rainha! Então, o meu príncipe era o Corvo da Rainha!
MINISTRO - Calma. Eu posso explicar toda esta bagunça.
BRANCA - Ele me enganou!  (chorando)
MINISTRO - Ele estava sob efeito de um terrível encantamento... que agora, com um verdadeiro beijo de amor...
BRANCA - E o beijo que ele deu em mim?
MINISTRO- Foi por interesse. O casamento está desfeito. Ele vai casar com a bruxa má e
nós vamos arranjar outro príncipe para você, Branquinha querida.
RAINHA - Por que você não me disse logo?
CORVO - (se recuperando) Eu não podia lhe contar nada, minha rainha. Tinha que
cumprir minha missão ao seu lado. Fazer todas aquelas maldades, levar uma vida dupla. Mas, de agora em diante... teremos uma vida honesta e limpa. Nos amaremos... teremos um ao outro. O que importa o resto do mundo?
RAINHA - Tem toda razão. Eu bem que desconfiava. O meu espelho mágico tentou me
avisar sobre você.
CORVO - Sim, por isso eu tive que quebrá-lo. Ele estava estragando tudo. A senhora tinha
que me amar do jeito que eu era.
BANANA - Estou co-mo-vi-do, gente! Na maior! Então acho que podemos colocar
uma pedra sobre o passado e começar uma outra estória.
MINISTRO - Por mim tudo bem: já temos o que queríamos
BRANCA - Banana!
BANANA: Sim, minha querida branquinha. Da cor de algodão...
BRANCA: sabe, acho que me enganei com o tal príncipe,na verdade  eu nunca amei este tal príncipe, ou corvo.
BANANA: Sim, e daí?
BRANCA: Na verdade, eu sempre gostei mesmo, foi de você. Nunca tive coragem de me declarar, pois quem já viu Branca de Neve terminar a estória com um dos sete  anões.
BANANA: Ó Branquinha eu lhe amo tanto. Quer casar comigo?
BRANCA: Sim, sim, meu grande anão de bom coração, príncipe da minha vida.
NANANA: I love you meu amor.
(Ficam de frente um para o outro suspirando )
MINISTRO - Então: um viva aos finais felizes!
TODOS - Viva!
RAINHA- E que eles nunca se acabem. Que haja sempre um final feliz para todas as
estórias mesmo que sejam de mentirinha criançada! Pois todos nós fazemos parte:
TODOS – do maior conto de fadas de todos os tempos: O CASAMENTO DE BRANCA DE NEVE!
(todos riem e se cumprimentam)



A ÚLTIMA CARTADA


Valdemir Matos




                        SALA DA CASA DE SR. PEDRO E  D. ANA
                        (ENTRA D. ANA COM PAPÉIS NA MÃO)


ANA               - Meu Deus do Céu! Só contas para pagar. Assim vamos à falência. Maldito
                            Bem- Hur! O Pedro tinha que apostar nas patas daquele pangaré. E o pior,
                            Perdeu! Perdeu tudo. (ENTRA A EMPREGADA)
JOSEFA          - Falando sozinha de novo, D. Ana?
ANA               - Hein!? Como? ... E quem é você pra ficar aí me observando?
JOSEFA          - Desculpe, desculpe. É que eu estava vindo pra cá quando vi que...
ANA               - Recolha-se à sua insignificância.
                           (ZEFA FAZ UMA CARETA POR TRÁS DELA. ANA OLHA DESCON-
                          FIADA  E ELA FAZ UM GESTO CÍNICO COM A MÃO NA BARRIGA)
JOSEFA          - Ai que dor de barriga.
ANA               - O meu marido já chegou?
JOSEFA          - Ainda não senhora.
ANA               - E ligou? Ao menos...
JOSEFA          - Ué! Não faz três dias que o telefone foi cortado?
ANA               - Tá, tá, tá, tá... Vai procurar o que fazer lá dentro.
JOSEFA          - Mas eu já fiz tudo! Só falta agora preparar o jantar.
ANA               - E o que você está esperando? Você ainda está aí? Vai, vai, vai, vai...
JOSEFA          - Vai, vai, vai aonde? Vai fazer o que?  Ainda é muito cedo para o jantar e
                           Além do mais a despensa está vazia e a geladeira também. Ai que dor de
                           Barriga.
ANA               - Deixe de conversa fiada e vai logo lá pra dentro, procurar o que fazer.
JOSEFA          - (PARA SI MESMA) Que saco! (SAI)
ANA               - Mas... mas... mas que atrevimento (ENTRA JOSEFA OUTRA VEZ)
JOSEFA          - Têm jornal aí?
ANA               - Mas você vai ler jornal agora?
JOSEFA          - É que hoje de manhã acabou o papel lá do banheiro, mas serve uma folha
                           dessa revista. (DESTACA A FOLHA E SAI)
ANA               - A que ponto nós chegamos. (PAUSA) E o Pedro que está demorando tanto.
                           Já era tempo de ele estar de volta. Ah, mas vamos dar a volta por cima
                          custe  o que custar. (SAI DE CENA – ENTRA DIANA)
DIANA           - Zefa, Zefa (PAUSA). Onde será que ela se meteu? (SENTA E FOLHEIA
                           UMA REVISTA) Ha, ha, há... Um passarinho preto fazendo amor com a
                           passarinha . Que romântico! Ai! Ai! (ENTRA ZEFA)
JOSEFA          - Você me chamou?
DIANA           - Sim, chamei. Mas por que você demorou tanto?
JOSEFA          - Demorei? Ih... É que eu estava lá no banheiro fazendo... fazendo... Ah,
                           você sabe...
DIANA           - Zefa, você está suando tanto!
JOSEFA          - É que eu fiz muita força pra...
DIANA           - Não precisa dizer essas coisas, né?
JOSEFA          - Não precisa me perguntar essas coisas, né?
DIANA           - Deixa isso pra lá. Traz alguma coisa para eu beber.
JOSEFA          - Está bem. Mas precisava me tirar lá da minha concentração?
DIANA           - Vai logo. (PAUSA) Lavou essas mãos?
JOSEFA          - Não foi nem preciso. Me espremi tanto  e não saiu nada. Logo depois, você
                           me atrapalhou.
DIANA           - Desculpe. Você está com prisão de ventre!
JOSEFA          - Se ao menos tivesse por aí um, uma só folha de couve...
DIANA           - E couve é bom pra isso?
JOSEFA          - O talo.
DIANA           - O que?
JOSEFA          - Minha avó sempre dizia que para prisão de ventre, nada melhor do que um
                           talo bem duro... de couve, é claro. Você se vira assim de lado e enfia...
DIANA           - Eu não.
JOSEFA          - E por que não? Qualquer um pode. Agora, se você preferir, bota outra coisa
DIANA           - Vamos parar com essa conversa. Traz logo alguma coisa para mim.
JOSEFA          -Talo de couve? (PAUSA) Desculpe, é que eu ainda estava pensando nesta
                           Maldita dor de barriga.
DIANA           - Tá.
JOSEFA          - (VAI ATÉ AS GARRAFAS) Se você está com vontade de beber tanto
                           Alguma coisa, então é melhor eu ir lá pra dentro e trazer um copo d´água.
                           A bebida acabou. Acabou tudinho.
DIANA           - Droga. Ah, deixe pra lá. (SUSPIRA) Ai, ai...
JOSEFA          - Eu heim! Você viu algum passarinho verde?
DIANA           - Mais ou menos. Zefa, eu arrumei um namorado.
JOSEFA          - Conseguiu?!
DIANA           - Não debocha não. E por falar em passarinho verde, vem ver só uma coisa
                           bonita. Olhe só como os passarinho pretos fazem amor. Vê?
JOSEFA          - É. É muito engraçado. Só que isso aí não é nenhum passarinho preto.
DIANA           - Não?!!!
JOSEFA          - Não. É morcego.
DIANA           - Ai que nojo. Mas mesmo assim é romântico. (ENTRA PEDRO)
PEDRO           - Boa tarde filha.
DIANA           - Oi pai.
JOSEFA          - Seu Pedro, a D. Ana estava perguntando pelo senhor.
PEDRO           - Avise a ela que eu já cheguei. (PARA A FILHA) E trago novidades.
DIANA           - Dessa vez o senhor ganhou no cavalo?
PEDRO           - Não, não. Eu não joguei.
JOSEFA          - (PARA SI MESMA) Também, nem dinheiro tem mais.
PEDRO           - Eu ouvi isso. Vai logo chamar a Ana. (SAI JOSEFA GEMENDO)
DIANA           - Papai, eu tenho uma novidade para contar.
PEDRO           - O  que foi que deu nela?
DIANA           - Ela está com prisão de ventre.
PEDRO           - Nada melhor do que enfiar um bom talo de couve no...
DIANA           - Papai, até você!
PEDRO           - Nada, nada! Mas, o que você tem pra me dizer?
DIANA           - Agora não. É uma surpresa. Depois eu falo pra vocês.
PEDRO           - Você não está grávida?!
DIANA           - Que é isso pai! (LEVANTA) Logo mais eu conto o que é (SAI)
PEDRO           - O que será que essa menina arrumou dessa vez? Ih! Lá vem encrenca..                                  (ENTRA ANA)
ANA               - Que encrenca? E eu lá sou encrenca? O que é que você está falando?
PEDRO           - Nada, nada. São coisas da Diana. Mas vamos ao que interessa.
ANA               - Fala logo de uma vez homem. Quer me deixar maluca?
PEDRO           - Eu consegui algum dinheiro. Não é lá muita coisa. Um dinheirinho.
ANA               - E você, hipotecou a casa?
PEDRO           - Sim. Mas fale baixo. Agora temos que pensar na segunda parte. Já mandei
                           buscar o Juca pra vir aqui pra casa.
ANA               - Não sei não. Mas aquele caipira aqui em casa... é dose pra leão.
PEDRO           - Calma. Vai dar tudo certo. Nossa filha é muito bonita e o Juca sempre foi
                           caidinho por ela.
ANA               - É. Mas tínhamos que falar pra ela antes...
PEDRO           - Não, não. Vai ser uma surpresa. Tem que ser assim. Afinal, eu mando ou
                           não mando nessa casa? (ANA OLHA PRA ELE COM AUTORIDADE)
ANA               - Tá bem. Mas eu só vou aceitar essa situação porque esse casamento é o
                           único jeito de nos tirar do buraco. (ENTRA ZEFA, QUE ESCUTARA)
ANA               - O que você está fazendo aí?
JOSEFA          - Nada. Eu não escutei nada de casamento...
ANA               - Vai pro seu quarto. Não vê que estamos conversando em família?
PEDRO           - Me traz um vinho. Hoje eu quero comemorar.
JOSEFA          - Acabou! As garrafas estão vazias.
PEDRO           - Acabou? Mas como?
JOSEFA          - Ora, acabando.
PEDRO           - Tome isso aqui (DÁ DINHEIRO). Vai fazer umas comprinhas pra gente.
JOSEFA          - Só isso? Não dá pra nada.
PEDRO           - Vai logo. Tem muito dinheiro aí.
JOSEFA          - Tá bom.
PEDRO           - E não se esqueça de trazer o vinho.
JOSEFA          - Tá bom.
PEDRO           - Traz logo duas garrafas.
JOSEFA          - Tá bom.
PEDRO           - Traz a notinha.
JOSEFA          - Tá bom.
PEDRO           - Pechincha.
ANA               - Pechincha?
JOSEFA          - Tá bom.
PEDRO           - Ah, traz o troco.
JOSEFA          - Tá bom. Troco? (SAI)
PEDRO           - O Juca chega hoje à tarde. Vamos fazer uma festa.
ANA               - Festa?
PEDRO           - É modo de falar... Uma recepçãozinha.
ANA               - Recepçãozinha? Para aquele caipira?
PEDRO           - Aquele caipira vai casar com a Diana.
ANA               - E por falar nela. Onde ela está?
PEDRO           - Acabou de sair. Essa menina anda tão misteriosa!
ANA               - Sei não. Ontem ela chegou quase meia noite. Aí tem...
PEDRO           - Eu já pensei em tudo. Quando o Juca chegar, já sei até o que dizer. E
                           aquele matuto vai ficar tão entusiasmado. Escute, a melhor maneira de
                           convencer alguém é quase não deixar ele falar.
ANA               - É, mas não fala muito não senão você vai acabar entregando o ouro ao
                           Bandido.
PEDRO           - Deixa comigo!
ANA               - Eu não sei porque eu concordei com essa idéia.
PEDRO           - Não tem que pensar muito. Pense só naquela grana que ele vai investir.
                           Aliás, ele sempre foi um mão aberta, um bocó. E não vai ter coragem de
                           negar uma ajudazinha para o querido futuro sogrinho aqui.
ANA               - É. Estamos quase na miséria mesmo. Só não quero é pular da frigideira
                           para cair no fogo.
PEDRO           - Deixa comigo. Daqui a pouco ele vai estar adentrando o nosso lar. Seja
                           gentil com ele e vê se não faz cara feia, senão...
ANA               - Olha quem está falando. Toma vergonha na cara. Vê se se enxerga.
                           (PAUSA) Quanto você conseguiu com a casa?
PEDRO           - Quinze.
ANA               - Quanto?
PEDRO           - Vinte.
ANA               - Heim?
PEDRO           - Vinte e cinco. Vinte e cinco mil.
ANA               - Mas só isso? A casa vale muito mais.
PEDRO           - Eu sei. Mas fazer o que? Foi o que eu pude conseguir.
ANA               - Deixe eu ver o recibo.
PEDRO           - Na verdade, eu consegui vinte e sete mil e já está tudo no banco.
                           Quer dizer: vinte e dois mil.
ANA               - Quanto?
PEDRO           - É. Eu tirei cinco mil e paguei o padeiro, o açougueiro, o Seu Altair, a quem
                           eu devia a mais de três meses. Esse não perturba mais. E ainda dei um
                           dinheirinho pra Zefa comprar alguma coisa pra gente.
ANA               - E só nisso aí você gastou cinco mil?
PEDRO           - Bem. Eu... eu reservei dois mil para fazer uma fezinha. Dessa vez o
                           Bem-Hur vai no terceiro páreo e...
ANA               - Pedro!
                           (TOCA A CAMPAINHA)
PEDRO           - Deve ser o Juca. Zefa, vai atender a porta!
ANA               - Atende você, homem. Não mandou a Zefa no mercado?
PEDRO           - Ah é. Tá. (ENTRA JUCA COM UM GALO DEBAIXO DO BRAÇO).
                           Oi Juca. Quanto tempo? Entre, entre. (ABRAÇA-O FORTEMENTE).
JUCA              - Tarde! Esse aqui é o Filomeno. Meu galo de “istimação”.
PEDRO           - Sente-se. Você deve estar cansado da viagem. (PARA ANA) Leve o
                           galo para o quintal...
ANA               - Eu?... Pegar nesse bicho aí?!
JUCA              - “Nun” carece não. “Ademais” eu “nun” quero me separar do Filomeno                                   agora. Ele não “cunhece” “ocês”. Vai “istranhar”...
PEDRO           - Tudo bem. A gente espera ele se acostumar.
JUCA              - Eu trouxe ele pra “mo” de ele “cunhecer” a cidade grande e também pra
                           que as galinha “possa sentir farta dele”. Mas aqui tem galinha?
                           (ENTRA DIANA)
PEDRO           - Minha filha!
JUCA              - Sua “fia” é galinha?
PEDRO           - Não! Você não entendeu. Minha filha que chegou. Veja! (PARA DIANA)
                           Olhe só quem está aqui.
DIANA           - Juca Caipira! Você veio passar aqui por essas bandas?
JUCA              - Não. Seu pai é quem me convidou...
DIANA           - Pai...
PEDRO           - É filha. Essa é uma parte da surpresa que eu tenho pra você. Aliás, pra
                           vocês dois.
DIANA           - Eu não estou entendendo nada.
JUCA              - E eu muito menos.
ANA               - Vamos logo ao assunto.
PEDRO           - Não, não. Vamos esperar o vinho. Mas, Juca, como vão os negócios, a
                           Fazenda?
JUCA              - (DESCONFIADO) Bem, bem, vai indo... Tá tudo no “mermo” lugar.
DIANA           - Papai, hoje é um dia de surpresas, não?
ANA               - O que você está falando, menina? Aí vem coisa...
DIANA           - Mas quem é que tá pagando o vinho que  o papai mandou buscar?
                           (NINGUÉM RESPONDE) Bem, vamos esperar o vinho. Eu quero que
                           vocês conheçam uma pessoa.
PEDRO           - Quem é filha? Mais uma amiguinha sua?
DIANA           - Vocês logo vão saber.
JUCA              - O Filomeno parece que está preocupado!
DIANA           - Quem é  Filomeno?
TODOS          - O galo.
DIANA           - Finalmente vamos ter galinha no jantar. (TODOS FICAM SEM GRAÇA)
JUCA              - O Filomeno ninguém come não. Ele é quem come as galinhas (TODOS
                           RIEM SEM GRAÇA)
PEDRO           - Pode ficar tranqüilo Juca, foi só uma brincadeirinha da Diana, Não foi?
DIANA           - Não, eu...
PEDRO           - Foi só uma brincadeirinha...
DIANA           - Não. É que nós não...
PEDRO           - Foi só uma brincadeirinha, não foi?
DIANA           - Ah, sim. Foi só uma brincadeirinha. Desculpe Juca.
JUCA              - Tá “discurpada”. “Discurpa” ela Filomeno. (PAUSA) Ele ficou ofendido.
ANA               - Que coisa ridícula!
JUCA              - O que foi que a senhora disse?
ANA               - Nada. É muito bom ter você conosco. (PARA PEDRO) Eu não sei até
                           quando eu vou agüentar isso.
PEDRO           - Calma.
DIANA           - Mas papai, eu estou muito curiosa. Por que o senhor chamou o Juca aqui?
JUCA              - Eu não sei não. É “mió”  o senhor ir falando logo.
PEDRO           - Temos tempo.
DIANA           - Então, enquanto isso, eu vou lá dentro trocar de roupa. Com licença,  Juca.
JUCA              - “Ô” Diana, se “ocê” quiser, eu ajudo a lavar os seus pés. (SAI DIANA)
PEDRO           - Bem Juca, é melhor eu falar logo pra você. Eu sei que você vai gostar
                           muito do que eu tenho pra lhe dizer. E depois eu mandei você vir até aqui,
                           não foi pra ficar de conversa fiada. E depois eu queria...
ANA               - Deixe de rodeios. Vai direto ao assunto.
JUCA              - É, fala.
PEDRO           - Juca, você gosta muito de minha filha, não é?
JUCA              - (MEIO ENVERGONHADO) É... Mas o senhor nunca deixou que eu
                           junto dela...
PEDRO           - Isso foi em outra época. Agora os tempos são outros.
JUCA              - Então quer dizer que agora o senhor vai deixar que a gente fique de
                           chamego?
PEDRO           - É. Vou deixar que vocês fiquem de... chamego. E digo mais: faço muito
                           gosto num casório. Se você quiser, é claro. Afinal, você é uma pessoa de
                           bons modos, instruído, jovem, forte e...
ANA               - E também é muito rico...

PEDRO           - É. É muito rígido. É isso aí, muito rígido com as mulheres. (PARA ANA)
                           Vê se não estraga tudo.
JUCA              - Mas, e a Diana?
PEDRO           - Ela vai ficar muito feliz quando souber.
JUCA              - Ela ainda não sabe?
PEDRO           - Não. Essa vai ser uma surpresa muito agradável para ela. A Diana anda
                           muito triste. Até emagreceu. Ela fala muito  em você e também...
JUCA              - Agora é que “nun intendo” nada “mermo”. Primeiro, “ocês” me trata “mar”
                           a vida inteira, “dispois” vende o sítio. Eu achei que foi por cusa de que eu
                           ficava ciscando pro lado de vossa “fia”. Agora “ocês”  me chama aqui e
                           quer que eu case com ela.
PEDRO           - Eu sei que nós erramos muito. Mas agora já acabou e eu quero me retratar
                           de tudo o que eu causei e é por isso que eu chamei você. Sei que você deve
                           estar desconfiado, mas não tem nada a ver com a sua situação atual. Você
                           sabe, né?
JUCA              - Mas que situação? Eu não sei de nada!
PEDRO           - Não, não. Deixe pra lá.
JUCA              - Agora vai ter que explicar.
PEDRO           - Eu sei que quando o compadre Jerônimo morreu... E todo aquele fazendão,
                           sem parentes... e você... Ô homem de sorte você, heim?  Mas não pense
                           que é por causa disso que eu estou te tratando assim...
JUCA              - Sei.
PEDRO           - Eu te chamei aqui porque descobri que gosto muito de você.           
                           (APROXIMA-SE DELE) Você é como se fosse meu filho. O filho macho
                           que eu nunca tive. Você é o eleito para o coração de minha filha, você é
                           bravo, corajoso, você é inteligente, você é... você é...
JUCA              - É “mio” o senhor parar por aí, senão eu vou acabar querendo casar com o
                           senhor.
ANA               - É Juca. E o que você nos diz? Você quer ou não quer se casar com Diana?
JUCA              - Calma! Não é assim não. Querer, querer... É ... eu quero. Mas e se ela...
PEDRO           - Ela também vai querer. Não notou como ela tá caidinha por você? Foi até
                           se produzir. Creio que já podemos até pensar em uma data.
JUCA              - Como assim? (PARA SI MESMO) Será que tá prenha? Mas Donana,
                           agora que a senhora vai ser minha sogra “mermo” e já que tá tudo em
                           “famía”, vai lá, vai lá  e busca água pra mim. Tô com sede!
ANA               - Eu não gosto que me chamem de Donana. Vai lá buscar água você. Ai meu
                           Deus! Até quando?...
PEDRO           - Não, não. Vai lá queridinha e aproveita e traz pra mim também.
JUCA              - Não se esqueça de trazer pro Filomeno também.
ANA               - (IRRITADA) Assim já é demais!
JUCA              - “Entonce” é “mió”  eu ir embora!
PEDRO           - Fica aí. (PARA  ANA) Fica fria e vai logo (ELA SAI RESMUNGANDO)
JUCA              - Ela é assim “mermo”?
PEDRO           - (EM VOZ BAIXA) É que ela está naqueles dias.
JUCA              - (EM VOZ ALTA)  E isso ainda “menstrua”?!
PEDRO           - Também não esculacha. É feia, está ficando velha e acabada. Mas é minha
                           mulher.
JUCA              - Ela parece que não gostou de me ver aqui!
PEDRO           - É só impressão sua. Ela está muito feliz. Um pouco nervosa. Também
                           nunca casou uma filha antes. Quer dizer, ela só tem uma filha (RI MUITO)
JUCA              - (SÉRIO) É. Muito engraçado! Mas cadê a Diana? Parece que ela não
                           gostou de me ver aqui também.
PEDRO           - Ela foi lá dentro pra... sei lá... pra tomar banho?
JUCA              - É, foi. (CHAMA) Donana, cadê minha água?
PEDRO           - Eu acho melhor nós irmos lá dentro. Você toma sua aguinha, toma um
                           banho, descansa da viagem e depois conversaremos melhor.
JUCA              - É, né. Já que tô aqui “mermo”... (SAEM – ENTRA ZEFA CANTANDO)
JOSEFA          - Cadê todo mundo dessa casa? Ah! Que bom! Assim ninguém me enche o
                           saco: uma garrafa de vinho, arroz, batata e talo de couve,... um frango, e
                           dos grandes. Escolhi a dedo e mandei matar na hora, sal,... tem muita coisa
                           aqui, s eles quiserem mais, vão ter que me dar mais dinheiro porque esse
                           troco aqui, vai ser uma parte do que me devem. Quatro meses sem receber.
                           Eu sei que eles estão com dinheiro. Hipotecaram a casa. (SENTA NO
                           SOFÁ E SE ESPARRAMA). Eu mereço um pouco de conforto. Afinal de
                           contas sou eu quem sustento essa casa. (CANTAROLA) ...Maldita dor de
                           barriga ... gases presos. Mas eu vou já, já manipular aquele talo enorme                                 (PAUSA) Mas por que o seu Pedro mandou buscar o Juca? Ih!... Será que
                           ele vem? (IMITA ANA) Zefa, faz isso, Zefa faz aquilo. Recolha-se a sua
                           insignificância. Há, há, há! Velha rabugenta. Me pagar mesmo que é bom..
                           (A CAMPAINHA TOCA – ZEFA ATENDE)
GUEDES         - Boa tarde! A Diana está?
JOSEFA          - Olha moço: eu também estou chegando agora. Mas ela deve estar lá dentro.
                           Mas quem é você?
GUEDES         - Diz pra ela que é o Guedes. Ela sabe.
JOSEFA          - Guedes? Você é o namorado dela?
GUEDES         - Ela disse pra eu vir aqui à noite. Só que...
JOSEFA          - Olha moço: ela ainda é moça. Moça de família. Acho bom você ir devagar.
GUEDES         - Mas o que foi que eu fiz? Eu disse alguma coisa?
JOSEFA          - Eu conheço tipos como você. Olhe que eu sou macaca velha.
GUEDES         - Por gentileza, a Diana.
JOSEFA          - Não fique nervosa, santa. Esse aqui é irmão desse. Espere aí. Vou ver se ela
                           está em casa (SAI)
GUEDES         - De onde será que essa desgraçada me conhece? Será que eu já estou
                           ficando manjado na praça? Acho melhor eu ir embora e só voltar à noite.
                           (PAUSA) Não, não. (APANHA ALGUNS OBJETOS E ESCONDE) Não!
                           É melhor devolver isso. (COLOCA-OS NO LUGAR) Mas que tentação!
                           (APANHA OUTRO OBJETO) Só esse, pelo menos... (FICA INQUIETO,
                           DEVOLVE O OBJETO E APANHA OUTRO) Eu não devia vir agora.
                           Mas que anel bonito! Será que é verdadeiro? Deve ser imitação. (DEIXA
                           CAIR E SE ABAIXA PARA PROCURAR). Epa! O que é isso aqui?
                           Parece merda de galinha. (PROCURA ATRÁS DO SOFÁ  - ENTRA
                           ANA)
ANA               - Caipira o ca... Ainda bem que o Pedro levou ele lá pra cima e eu não tenho
                           que ficar aturando por muito tempo...Ah, Pedro, Pedro! Você mudou tanto!
                           Depois de velho deu pra fazer besteiras. Agora essa. Até a casa... Bem,
                           pelo menos conseguiu levantar um dinheiro, mas o que eu queria na verda-
                           de é que levantasse outra coisa. Ai, ai... (VÊ GUEDES) Ai, tem um
                           homem aqui.
GUEDES         - Calma senhora. (ENTRAM PEDRO E JUCA E COMEÇA A MAIOR
                           CONFUSÃO – LOGO APÓS ENTRA DIANA)
DIANA           - Parem, parem. (TODOS PARAM) Papai, esse é o Guedes.
TODOS          - Guedes?!
GUEDES         - Guedes, seu criado, madame.
ANA               - Mas o que você estava fazendo aí escondido atrás do sofá?
GUEDES         - Eu não estava escondido. Eu estava esperando a Diana.
PEDRO           - Atrás do sofá?
JUCA              - É.  Aí no cantão?
GUEDES         - Não é nada disso. É que eu fui... amarrar o meu sapato quando a senhora
                           entrou aí e começou a falar um monte de coisa e a fazer gestos tão
                           libidinosos ... eu fiquei inibido...
PEDRO           - Que gestos?
ANA               - Não. Não é nada. Vamos sentar.
DIANA           - A Zefa disse que você estava aqui.
GUEDES         - É, mas você demorou tanto...
DIANA           - Eu estava tomando um banhozinho pra refrescar e como não estava
                           esperando você agora...
PEDRO           - A Zefa já veio? Trouxe o vinho? E eu nem a vi chegar.
ANA               - Nem eu.
DIANA           - Ela foi me chamar e disse que ia pra cozinha, só que foi no banheiro
                           primeiro.
GUEDES         - Desculpe eu vir agora, Diana. É que...
DIANA           - Tudo bem! Mas já que está todo mundo aqui,  então é melhor eu...
                           (ENTRA ZEFA)
JOSEFA          - O que está acontecendo aqui? Mas que barulheira toda foi essa?
ANA               - Mas que atrevimento!
JOSEFA          - Juca Caipira, que bom ver você. Eu quase não acreditei quando escutei
                           o Seu Pedro dizer que você viria.
JUCA              - Eu também não.
PEDRO           - Zefa, deixe de conversa e traz o vinho. Vamos todos comemorar.
JOSEFA          - Mas eu só comprei uma garrafa  e uma garrafa parece ser muito pouco pra
                           esse montão de gente. O senhor, já não é chegado e esse aí então... tem
                           uma cara de pinguço, deitão...
DIANA           - Zefa!
JOSEFA          - Tá bem. Mas o que vamos comemorar? O namoro ou casamento da Diana?
PEDRO           - Sua linguaruda. Bem, já que todos  já sabem, vamos dispensar os discursos
                           tediosos. (PAUSA) E então, minha filha, estás feliz porque agora vais
                           desencalhar? (TODOS OLHAM) É só uma brincadeirinha.
DIANA           - E eu pensando que estava preparando uma surpresa pra vocês e no entanto
                           eram vocês que estavam preparando uma surpresa para mim!
PEDRO           - Eu não te falei, mulher, que ela ia acabar se acostumando? Viu, Juca, ela
                           está feliz.
DIANA           - Ainda bem que vocês concordaram com o meu namoro. Eu queria falar a                   mais tempo que gostava dele, mas tinha medo de que vocês...
GUEDES         - E é por isso que eu vim aqui.
PEDRO           - Desculpe, meu rapaz, mas, quem é você mesmo?
GUEDES         - Eu? Eu sou o Guedes.
PEDRO           - Isso eu já sei. Eu quero saber o que é que você faz?
GUEDES         - Eu... eu trabalho em investimentos.
PEDRO           - Como assim?
DIANA           - Papai, eu chamei o Guedes aqui porque  eu tinha que apresentar ele a vocês
                           A gente se conhece a mais de um mês e acho que já era tempo de... vocês
                           sabem...  Ele tinha que vir aqui um dia.
ANA               - Mas logo hoje?
PEDRO           - Zefa, traz logo esse vinho! Ainda hoje vocês  já podem marcar uma data...
                           só pra formalizar mais as coisas. (PARA GUEDES) Rapaz, você vai ser a
                           testemunha ocular de um fato histórico na família.
GUEDES         - Mas isso é só um simples namoro.
PEDRO           - Não meu jovem. Hoje vamos marcar a data do casamento da minha filha e
                           espero que seja o mais rápido possível.
GUEDES         - Casamento?
DIANA           - Casamento? Eu não tinha pensado nisso.
JOSEFA          - E desde quando você pensa?
GUEDES         - É muito cedo pra se falar nisso.
ANA               - Não se meta, rapazinho. Isso é assunto de família.
JUCA              - Quer que eu bote esse cabra pra fora?
PEDRO           - Rapaz, você está mais nervoso do que o Juca Caipira .
JOSEFA          - Isso aí tem a cara de um tremendo um sete um.
JUCA              - Um sete um? Está parecendo mais vinte e quatro. Ninguém te chamou na
                           conversa. Afinal, quem vai casar com a Diana não sou eu?
DIANA E GUEDES – Você?!
GUEDES         - Agora é que eu não entendo mais nada mesmo.
JUCA              - Não entende porque é burro.
ANA               - Mas do que vocês estão falando?
JUCA              - Outra burra também.
JOSEFA          - Puxou à filha.
PEDRO           - Mais respeito, mais respeito.
DIANA           - Papai, por que o Juca está dizendo que vai casar comigo? (JOSEFA RI)
JOSEFA          - Quer dizer então que todo mundo está trocando as bolas?
ANA               - Do que você está falando?
JOSEFA          - Ora! Muito simples: vocês falando do casamento que querem arrumar para
                           Diana com o Juca Caipira e ela falando do namoro dela com o bonitão aí.
                           E ele todo prosa pensando que vocês gostaram dele e o Juca pensando que
                           a Diana estava falando dele.
PEDRO           - Em não estávamos falando dele?
DIANA           - Papai, como pôde?
JUCA              - Então quer dizer que você não quer casar comigo coisa nenhuma?
GUEDES         - Mas eu é quem sou o namorado dela.
JOSEFA          - É. É mesmo um momento histórico. Antes, não conseguia ninguém, agora,
                           está sendo disputada por dois. E eu aqui, sozinha. Nem urubu pousa mais
                           no meu terreiro. Será que ainda pe virgem mesmo?
DIANA           - Josefa!
JOSEFA          - Desculpe, desculpe. Deixe eu ir lá dentro dar uma olhada no frango.
PEDRO           - Frango? Mas que frango?
JOSEFA          - O que eu pus no forno pra assar. É frango fresco. Foi abatido agora a pouco
PEDRO           - Mas o que foi que você fez?
JUCA              - Ai meu Deus do céu. O Filomeno. (JUCA DESABA E CHORA)
PEDRO           - Criminosa.
GUEDES         - Mas quem é o Filomeno?
TODOS          - O galo.
JOSEFA          - E eu nem sabia que ele tinha nome. (SAEM JUCA, PEDRO E JOSEFA)
ANA               - Agora é que a vaca vai pro brejo.
DIANA           - Mamãe, eu não entendo nada mesmo. Será que eu sou tão burra assim?
                           Vocês nunca gostaram do Juca, agora querem que eu me case com ele.
GUEDES         - Diana, e eu? Como é que eu fico? Também se for pra casar, é melhor
                           terminar tudo entre nós.
ANA               - Fique aí quietinho, Sr. Guedes. Minha filha, isso é uma longa estória.
                           Tenho certeza que você vai compreender e vai até colaborar conosco.
DIANA           - Então diga logo, mamãe...
ANA               - Não posso falar nesses assuntos na frente de estranhos.
GUEDES         - Diana, você me deve uma explicação!
ANA               - Fica calado aí seu... seu... intrometido.
DIANA           - Você está tão surpreso quanto eu.
ANA               - Rapaz, você está sobrando aqui. Acho bom você ir embora.
DIANA           - Mamãe, por favor, não faça isso.
GUEDES         - Eu não quero ir embora sem antes esclarecer toda essa estória.
DIANA           - Vai Guedes, vai. Depois nos conversaremos melhor.
GUEDES         - Se eu sair por aquela porta agora, juro que nunca mais você tornará a me
                           ver.
ANA               - Deixa ele ir, minha filha. Isso é até lucro pra você.
GUEDES         - Não. Isso é armação. Vocês não vão se livrar de mim assim não.
ANA               - Sai logo. Vamos! Você já está torrando a paciência.
DIANA           - Vai Guedes, a gente se vê depois.
GUEDES         - Eu vou. Mas volto. (SAI)
                           (ENTRA JUCA E PEDRO)
JUCA              - E nós “pensava” que era o Filomeno que ela tinha botado no forno pra
                           cozinhar...
PEDRO           - E o Filomeno lá no quintal dormindo. Parecia até que estava botando ovo.
DIANA           - Pai, galo não bota ovo!
JUCA              - Só contaram pra ela.
PEDRO           - Cadê o homem?
ANA               - Foi embora. Aliás, eu não vejo um, faz muito tempo.
JUCA              - Eu acho que essa foi pro senhor.
PEDRO           - Eu não escutei nada.
JUCA              - Diana, quer dizer então que “ocê” nunca pensou em casar comigo?
PEDRO           - Mas é claro que ela pensou. Foi só um mal entendido.
JUCA              - Mal entendido foi eu ter que vir aqui.
DIANA           - Desculpe, Juca, eu nem imaginava que...
PEDRO           - Filha, você está muito confusa, mas vai dar tudo certo. Depois que casar,
                           você vai ver que tudo isso não foi nada.
JUCA              - Não foi nada porque não é “ocê”.
DIANA           - Papai, por favor, me explica o que está acontecendo.
ANA               - Pedro, é melhor eu ficar um pouco a sós com ela. Vai lá pra dentro. É
                           conversa de mãe para filha, você entende, não?
PEDRO           - (DISSIMULANDO) Ah! Sei... (SAI)
ANA               - Pedro, carrega. Carrega a mala.
PEDRO           - Ah, sim. Juca, vem comigo. Vamos lá dar outra olhado no Filomeno.
                           Nunca se sabe o que pode acontecer.
JUCA              - Deixa ele lá. Agora eu quero ficar aqui. Essa estória está me cheirando mal.
PEDRO           - Deixa disso e  vem comigo. É conversa de mulher.
JUCA              - Tá bom. O senhor vai ter que me explicar tudo direitinho. (SAEM)
DIANA           - Vai mamãe, comece a falar logo.
ANA               - Sabe filha, nós estamos passando por uma dificuldade financeira muito
                           grande.
DIANA           - Me explica melhor.
ANA               - Seu pai sempre foi um... um apostador. Você sabe...
DIANA           - E sempre perdendo no cavalo.
ANA               - Só que ele já perdeu tudo o que tinha e o que não tinha também. Hoje
                           tivemos que hipotecar a casa senão não teríamos nem mais de onde
                           tirar dinheiro.
DIANA           - Mamãe, só uma coisa: o que é hipotecar?
ANA               - Ai meu Deus! Deixa pra lá minha filha. O importante é que esse foi o
                           último jeito de arrumar dinheiro. Foi uma emergência.
DIANA           - E onde é que eu entro nessa estória?
ANA               - Você ainda não entendeu?
DIANA           - Não.
ANA               - Foi então que pensamos, pensamos... e como o Juca ficou rico e gosta
                           tanto de você...
DIANA           - Desculpe mamãe, mas ainda não estou entendo nada.
ANA              - Ai meu Deus! O que foi que eu fiz?
DIANA           - O que é que tem a ver o Juca com a situação de vocês?
ANA               - Diana, minha filha, você se casando com ele... entendeu agora?
DIANA           - Mamãe, seja direta.
ANA               - Filha, além de nossas dívidas, que não são poucas, ainda temos que pagar
                           a hipoteca da casa e você se casando com ele, é o único jeito de não irmos
                           à bancarrota. 
DIANA           - E onde fica esse lugar?
ANA               - Não diga mais nada, minha filha. Diga só que quer casar com ele e sei
                           que com certeza vocês serão muito felizes. Vai ser bom pra mim, vai
                           ser bom pro seu pai, pra você e principalmente para o Juca que vai ter
                           uma mulher tão... sábia.
DIANA           - Está bem. Eu vou aceitar. Mas só por causa de você, de papai, do Juca,
                           de mim e... Mas eu tenho que falar com o Guedes antes. Eu ainda gosto
                           dele. (ENTRA GUDES)
ANA               - Mas o que é isso? Como você vai entrando assim na casa dos outros?
GUEDES         - Acho que perdi minha carteira na hora da confusão e vim procurar.
DIANA           - Você não morre tão cedo. Preciso falar com você.
GUEDES         - Já que estou aqui, por que você não me convida para jantar? Assim a
                           gente esclarece tudo  logo de uma vez.
ANA               - Mas que insolência!
DIANA           - Calma mamãe. É melhor assim. E depois, a gente ainda não terminou o
                           namoro.
GUEDES         - Como assim? Quer dizer então que você vai me trocar por aquele peão?
                           Olha  que eu estou ficando nervoso...
ANA               - Minha filha, assim não dá!
DIANA           - Calma Guedes. Me escute: se eu casar com o Juca, vai ser bom para ele,
                           pro papai, pra mamãe, pra todos nós, e, quem sabe, você não sai lucrando
                           também com isso?
GUEDES         - Como assim? Me diz... vai... fala... (ENTRAM PEDRO E JUCA)
PEDRO           - Você outra vez?
JUCA              - O  que esse cabra está fazendo aqui de novo?
GUEDES         - Vim para jantar com vocês.
PEDRO           - E quem te convidou?
GUEDES         - A sua filha.
JUCA              - É verdade,  Diana?
ANA               - Ele também veio para comemorar o seu noivado.
JUCA              - O meu ou o dele? (PAUSA) Diana,  “ocê” é tão bonita!
DIANA           - Obrigada, Juca.
PEDRO           - Zefa, traz mais vinho!
GUEDES         - Eu acho que...
ANA               - Você não acha nada. (ENTRA JOSEFA)
JOSEFA          - Eu só comprei uma garrafa de vinho e agora só tem esse restinho.
GUEDES         - Não tem problema, enche o meu copo.
JOSEFA          - Ué, Seu Pedro, o senhor não disse que esse aí já tinha se escafedido?
GUEDES         - Não sei não, mas parece que eu não sou bem-vindo aqui.
JUCA              - (DEBOCHANDO) Não. O que é isso? “Ocê” é o principal convidado,
                           o quase noivo. Quando eu casar, nós “leva ocê” junto pra noite do “vamos
                           ver”. (JOSEFA SOLTA GASES E TODOS OLHAM DESCONFIADO)
JUCA              -  Mas que fedor é esse?
PEDRO           - Eu não estou sentindo nada.
DIANA           - Pai, a ratoeira.
PEDRO           - O que é que tem?
DIANA           - Deve ter algum rato morto na ratoeira.
JUCA              - Ratoeira coisa nenhuma. Alguém deve ter comido o rato e deve estar
                           soltando ele aos pouquinhos, isso sim.
ANA               - Que falta de classe!
GUEDES         - Olha quem está falando!
PEDRO           - Mais respeito. Eu exijo.
JUCA              - O fedor tá passando. Alguém aí... deixe pra lá. Mas não vai sair nada pra
                           gente beliscar?
PEDRO           - Zefa, já que não tem mais vinho mesmo, então traz alguma coisa pra gente
                           comer com... limonada. É, limonada... e depois, o álcool faz mal à saúde.
ANA               - Acho que você apanhou muito sol na cabeça. (PARA DIANA) Esse é o
                           seu pai mesmo?
DIANA           - Claro, mamãe. Não está vendo?
PEDRO           - Traz o frango, traz o frango.
JOSEFA          - Mas ainda está no forno.
JUCA              - Frango eu não como não. O Filomeno ia me achar um traidor.
GUEDES         - Ovo estragado com repolho. (TODOS OLHAM PRA ELE) É. O cheiro é
                           de ovo estragado com repolho. Sintam só...
PEDRO           - Que futum...
DIANA           - Não fui eu...
JUCA              - Alguém aí deve está com as tripas podre!
GUEDES         - Tá brabo!
JUCA              - (PARA ANA) Donana, a senhora peidou!
ANA               - Eu não sei nem o que dizer. Eu não faço essas coisas.
GUEDES         - Diana, sua mãe é um fenômeno. Se ela não faz essas coisas e consegue
                           exalar tamanho incenso no ar, então ela não deve nem ter...
PEDRO           - Devagar, devagar rapaz.
DIANA           - Será que isso foi um elogio à mamãe? O que será que ele quis dizer?
ANA               - Nada minha filha, nada. Isso não é nada.
JUCA              - Se isso não é nada, então é “mió” levantar e sacudir a saia porque a
                           senhora deve estar toda cagada. (GUEDES RI MUITO)
GUEDES         - Toda cagada, essa foi boa.
ANA               - Eu me recuso a permanecer aqui com esses dois mal educados. (SAI)
PEDRO           - Mas querida... Ana... espere... (SAI TAMBÉM)
DIANA           - (PRA JOSEFA) Do que você tá rindo também?
JOSEFA          - Eu? Nada.
JUCA              - Bem, pelo menos, acho que o ar vai ficar menos poluído.
GUEDES         - Você está muito enganado. Sente o cheiro outra vez!
JUCA              - Então não foi a “veia” “mermo”. É um de nós quatro. Diana, “ocê” é
                           assim “mermo” ou...?
DIANA           - Não olhe pra mim não. Foi a Zefa.
JUCA              - Zefa?!
JOSEFA          - Eu estava com uma baita dor de barriga o dia inteiro. Não podia nem
                           respirar direito de tanto me espremer. Depois que eu tomei um chazinho
                           de erva doce e enfiei um talo de couve no... no... no... eu comecei a
                           melhorar ...
JUCA              - E nós a piorar.
JOSEFA          - Esse remédio é tiro e queda.
GUEDES         - Mais um tiro desses, quem vai cair sou eu.
JUCA              - Diana, “ocê” não estava namorando o moço aí?
DIANA           - É, mas agora terminamos tudo. Somos apenas amigos. Não é Guedes?
GUEDES         - Já que você está dizendo, então...
JUCA              - Mas as coisas são tão rápidas assim aqui na cidade? O que foi que fez
                           “ocê” mudar de idéia  assim tão depressa?
DIANA           - A mamãe, o papai, eles acham que...
JUCA              - Eles acham... eles acham... e “ocê”? O que “ocê” acha?
JOSEFA          - Ela acha o que eles acham. Ora Juca, não conhece essa aí? Você agora é
                           um homem rico e eles estão numa pindaíba tremenda...
JUCA              - Eles pensam que enganam esse caboclinho aqui e eu tô  deixando eles
                           pensar. Isso eu já sabia. Mas se a Diana gosta de mim... assm... quer
                           dizer, por gostar, não importa.
JOSEFA          - É por isso que eles estão empurrando a filha pra você.
GUEDES         - Eu também senti a forçação  de barra. Juro que cheguei a pensar que você
                           estava grávida.
JOSEFA          - Essa aí? Grávida? Só conhece o chuveirinho...
DIANA           - Zefa, pare com isso!
JUCA              - É “mio” “ocê” ir lá na casinha porque assim tá demais. Outro?
                           (GUEDES COMEÇA A DISFARÇAR E A ROUBAR ESCONDIDO)
                           (ENTRAM PEDRO E ANA)
ANA               - Nunca fui tão ofendida em toda a minha vida.
PEDRO           - Não fique assim. Lembra por que nós chamamos o Juca aqui?
JUCA              - Não fique ofendida não Donana. Era a Zefa  que tava peidando. A senhora
                           me “discurpe”.
ANA               - Eu não gosto que me chamem de Donana. Zefa, vai lá pra dentro e só
                           aparece por aqui na sala, amaná ou  depois de amanhã, quando você estiver
                           curada dessa sua flatulência.
DIANA           - Parece que resolveram agora só falar em inglês.
PEDRO           - Que é isso? Vamos precisar dela agora. (PAUSA) Tá bem. Vai lá pra
                           dentro, Zefa; (SAI JOSEFA)
GUEDES         - Agora quem vai sair sou eu. Vou embora. Diana, foi muito bom te
                           conhecer, seja feliz que agora eu vou andando.
PEDRO           - O que foi que deu nele?
JUCA              - Acho que endoidou...
ANA               - Cadê o meu anel? Eu acho que perdi aquele anel que você me deu no dia...
                           ai, meu anel... eu tinha deixado ele aqui na gaveta.
PEDRO           - Deve estar na gaveta lá de cima.
ANA               - Não. Eu tenho certeza que deixei ele aqui.
GUEDE           - Bem, adeus pessoal.
PEDRO           - Fica aí. Ninguém entra, ninguém sai. Epa! Cadê o meu relógio?
                           Não é de ouro, mas é o único que eu tenho.
GUEDE           - Por que vocês me olham assim? Eu não fiz nada.
JUCA              - Só acredito vendo.
PEDRO           - Vamos. Mostre o bolso. (ELE MOSTRA). O outro.
GUEDES         - Mas não tem nada aqui.
JUCA              - Mostre logo “armofadinha”! (ENCONTRAM O ANEL)
ANA               - Meu anel!
PEDRO           - Minha filha, esse homem é um ladrão.
GUEDES         - Epa! Ladrão não. Eu nunca roubei nada de ninguém.
DIANA           - Guedes, você foi capaz de...
GUEDES         - Deixe eu explicar.
PEDRO           - Fala logo. E cadê o meu relógio? Aliás, cadê... tá faltando muita coisa aqui.
GUEDES         - Sabe o que é? É que eu sou cleptomaníaco.
JUCA              - Clepto o quê?
DIANA           - Mas você nunca me falou que trabalhava com amoníaco.
ANA               - Fica quietinha aí, minha filha.
PEDRO           - Rapaz, você é um homem rico ou tem pelo menos uma boa situação?
GUEDES         - Não senhor. Eu sou pobre.
PEDRO           - Então é ladrão mesmo.
JUCA              - Pega ele...
                           (COMEÇA OUTRA CONFUSÃO – ENTRA JOSEFA)
JOSEFA          - O que está acontecendo aqui?
JUCA              - Acontece que o safado aqui...”Virge Maria”! Abre as janelas, ela começou
                           a bufar de novo. Tá podre. (TODOS ABANAM O NARIZ)
GUEDES         - Deixa eu falar. (TODOS PARAM) Deixa passar esse fedor.  Bem, quando
                           eu conheci a Diana e me aproximei dela pela primeira vez, a minha
                           intenção foi de tirar vantagens. Sabe,eu estava em dificuldades, mas depois
                           eu fui me envolvendo...
ANA               - Então o senhor queria era dar o golpe do baú?
GUEDES         - A princípio sim, mas depois...
JUCA              - Também.
JOSEFA          - Deixa o homem falar.
GUEDES         - Depois eu comecei a gostar dela.
DIANA           - Você queria vir aqui só para roubar?
GUEDES         - É. Mas você também... em um minuto, terminou tudo comigo por causa
                           desse caipira aí que... aliás, está montado na grana.
JUCA              - O que foi que “ocê” disse, moço?
PEDRO           - Grama? Aqui ninguém como grama não.
ANA               - Que é isso?
PEDRO           - Eu tive que sair com uma dessa, entendeu?
JOSEFA          - Então você pensou que a Diana era rica? (RI MUITO)
JUCA              - Pare de rir. Tá saindo por baixo também. Ai, que fedor.
PEDRO           - Meu rapaz, devolva tudo isso que você pegou e você pode sair e seguir seu
                           caminho sem polícia, sem nada. Essas coisas só têm valor sentimental, não
                           são nem verdadeiras.
ANA               - Não são verdadeiras? Então, então... você me encheu com bijuterias a vida
                           inteira?
PEDRO           - Que é isso? Nem tudo. O anel, por exemplo, é de ouro, ouro... o outro anel
                           é de...
GUEDES         - Verdadeiras ou não, agora é que eu não devolvo mesmo. Depois que a
                           Diana casar, com certeza vocês terão muito mais do que tudo isso.
                           A propósito, meu verdadeiro nome não é Guedes, e vou aproveitar pra
                           levar essa carteira aqui dando sopa.
PEDRO           - Segurem ele. Não deixem ele sair. (GUEDES FOGE)
ANA               - Vamos chamar a polícia.
PEDRO           - Não. Polícia não. São coisas sem valor...
JOSEFA          - É, senão o senhor é quem poderá ser preso, né?
PEDRO           - Nada de polícia, nada de polícia.
JUCA              - Tá vendo? Isso é que dá trazer qualquer um pra dentro de casa.
PEDRO           - Minha filha, não chore!
JUCA              - Quer saber de uma coisa?
PEDRO           - Fale.
JUCA              - É “mió” eu ir buscar o Filomeno e ir “simbora”.
PEDRO           - Mas, e o seu noivado?
DIANA           - Juca, e eu? Como é que eu fico?
JUCA              - “Ocê”  fica aí bonitinha, que com “papér” e tudo eu não caso não.
ANA               - Pedro, diga alguma coisa.
JUCA              - “Num” carece não. Eu não quero casar de “papér” assinado, mas se “ocê”
                           gosta de mim, então vai pra lá pra “módi” morar comigo. Mas esses dois
                           estrupícios não vão não.
ANA               - Oh! Vê  o que ele está dizendo...
PEDRO           - Fique calmo, vamos conversar.
JUCA              - “Num” tem mais conversa não. “Ocês” pensam que eu sou bobo. “Ocês”
                           são espertos e eu acho que aqui não tem ninguém burro. Isso não inclui
                           “ocê”, viu Diana?
DIANA           - Obrigada!
JOSEFA          - É isso aí, Juca. Deixe que eu vou buscar o Filomeno.
PEDRO           - Juca, você está cometendo um erro. Eu chamei você aqui porque você e
                           a Diana se gostam e têm tudo para dar certo. Eu não quero dinheiro
                           nenhum de você.
JUCA              - “Num quer mermo”?
PEDRO           - Bem, um pequeno investimento aqui no seu futuro sogro... sabe como...
                           a casa está hipotecada...
JUCA              - Meu sogro uma ova!
DIANA           - Ah! Agora que eu estou entendendo tudo. Papai, você quer que eu me case
                           com o Juca só porque ele ficou rico? (TODOS APLAUDEM)
JUCA              - Agora que ela entendeu.
PEDRO           - Escuta, Juca...
JUCA              - Chega de conversa. Cadê o Filomeno? (ENTRA JOSEFA)
JOSEFA          - Tá aqui.
JUCA              - Filomeno, vamos “simbora” que nessa casa só tem maluco.
DIANA           - Juca, me leva com você.
ANA               - Minha filha...
PEDRO           - Deixa, Ana, deixa.
JUCA              - Então, “ocê” gosta “mermo”  de mim?
DIANA           - Sim, eu gosto.
JUCA              - Porque eu também tenho uma surpresa pra “ocês”. Eu continuo lá na
                           fazenda, mas como empregado. Eu não to rico coisa nenhuma. Quem
                           herdou a fazenda foi o seu compadre Joça Campeiro. Eu não sou rico
                           não.
PEDRO E ANA – Não?!
JUCA              - Eu deixei “ocês” pensarem pra ver até onde ia tudo isso. E depois eu não
                           sou besta de deixar um passeio desses com todas essas mordomias pagas.
PEDRO E ANA - Estamos ferrados.
JOSEFA          - É, tão mesmo.
JUCA              - Então, Diana, “ocê” ainda quer vir comigo?
DIANA           - Eu não sei...
JOSEFA          - Eu posso ir, Juca? Fala com seu patrão pra ver se ele arranja um serviço
                           pra mim lá na fazenda.
JUCA              - Tá bem, mas fica nos fundos.
JOSEFA          - Ora, por que?
JUCA              - Com “ocê” “sortando” essas bombas aí, ninguém vai querer “ocê” por
                           perto. Vamos.
JOSEFA          - Depois eu volto pra apanhar minhas coisas, seus mãos de vaca.
                           (SAEM JUCA E JOSEFA)
DIANA           - Esperem por mim. Eu também vou com vocês. (SAI)
ANA               - E agora, o que nós vamos fazer?
PEDRO           - Não se desespere. Ainda temos o dinheirinho da casa.
ANA               - Você está maluco?
PEDRO           - Não! Ainda tenho uma última cartada. Vou multiplicar esse dinheiro agora
                           mesmo.
ANA               - Como assim?
PEDRO           - Bem-Hur! Bem-Hur no terceiro páreo (SAI)
ANA               - Se não pode ir contra eles...  Espere por mim. (SAI)
                           (ENTRAM TODOS JOGANDO DINHEIRO PRA CIMA E PULANDO)
TODOS          - Ganhamos. Bem-Hur, ganhamos!
  

FIM




















UM JANTAR ATRAPALHADO

Personagens: Rosa
Mordomo              
       Antônio


Rosa: Maria, pode servir o jantar.

M: Sim, patroa.

Antônio (para Rosa): O que teremos hoje para o jantar?

Rosa: Mandei preparar uns camarões com vários tipos de molho...

Antônio: Parece ótimo! Adoro Camarões!

Rosa ( enquanto Maria serve o Jantar): Maria, você viu o Lulu?

M: Não dona Rosa, mas o seu gatinho deve estar dormindo em algum lugar por aí.

Rosa: Ah... Depois eu cuido do Lulu, vamos jantar.

(Durante o jantar, Rosa nota que Maria acena sem parar em sua direção)

Roas: O que será que a Maria quer? Bem na hora do jantar!

Antonio: É melhor você ir ver o que é, ( à parte) assim sobra mais pra mim!

Rosa: Eu volto logo. ( Se aproxima de Maria) Então Maria, o que é?

M: Olha Dona Rosa, eu sei que a senhora não gosta,mas eu prefiro dizer logo...

Rosa: Diga Maria... Que cara de desconsolo é essa?

M: É o Lulu, Dona Rosa...

Rosa: O que tem o Lulu?

M: Ele estava se sentindo muito mal...

Rosa: Como? Fala logo mulher, desembucha!

M: O lulu estava se sentindo muito mal e morreu!

Rosa( muito nervosa): Não pode ser, o meu gatinho Lulu!

M: E o pior...

Rosa: Tem pior?!

M: Ele morreu depois que eu dei uns camarões pra ele...

Rosa: Oh, meu Deus! Os camarões, não! Eles estavam deliciosos, não poderiam estar estragados. E agora? O que eu faço? Falo agora ou espero o café? Será que café tem algum efeito atenuante pra veneno de camarão? será que o Antonio já está se sentindo mal? Meu Deus, tenho que voltar pra sala!

Antonio: nossa! Você demorou! O jantar estava delicioso, muito bom mesmo! Eu nunca tinha comido camarões como aqueles antes...

Rosa: Antonio...

Antonio: Sim...

Rosa: Os camarões...

Antonio: sim, já disse estavam deliciosos...

Rosa: o Lulu...

Antonio: os camarões ou o Lulu?

Rosa: os camarões e o Lulu...

Antonio: não estou entendendo mais nada!

Rosa: o Lulu comeu alguns dos camarões...

Antonio( interrompendo Rosa): Ele deve ter se fartado, além do mais...

Rosa: Ele morreu!!

Antonio: O que?!

Rosa: Tenha calma...

Antonio: e agora? O que eu faço?Boto o dedo na garganta? Será que funciona?

Rosa: Já sei! Vamos tomar abacate com um copo de azeite, dizem que é bom... Melhor! Vamos para o hospital e lá faremos o que eles mandarem.


                                      ( Já em casa, depois do hospital)

Antonio: Aquela lavagem estomacal que fizemos foi chata, desconfortável, humilhante e nada romântica...

Rosa: não se preocupe, agora ficaremos bem... deite aí e tente descansar. Agora eu vou falar com a Maria para providenciar o enterro do Lulu... oh, meu pobre Lulu... Maria! Maria!...

M (olhando para o corpo do Lulu): Pobre gatinho... E pensar que eu só queria alegrar ele um pouquinho depois do atropelamento...

Rosa: Que atropelamento, Maria?

M: Eu ia dizer Dona Rosa, pois a senhora já estava nervosa com o jantar e depois com o envenenamento, mas o gato da senhora foi atropelado pela Kombi do verdureiro, mas sabe como é, gato é gato, ele saiu debaixo do pneu meio atordoado, mas inteiro. Ele ficou meio lerdinho durante o dia, mas se animou quando eu dei os camarões...

Rosa: O que?! Quer dizer que... O Lulu... Os camarões não...


                                  ( Rosa desmaia)


                                                                  FIM
 

LAURA, MINHA AMIGA, MINHA PAIXÃO

A cena toda acontece num quarto, há uma cama e um espelho, um adolescente está apaixonado e tenta telefonar para a garota que ama, mas não tem coragem.
Jaberson está na frente do espelho, ensaiando o que vai dizer com o telefone.
Jaberson
(interrompe)
(espera, suspira, respira fundo. Pega o telefone outra vez e fala para si mesmo)
(finge outra vez que está falando com Laura)
(interrompe de novo)
(pega telefone outra vez)
(joga o telefone na cama)
(Fala consigo mesmo)
(irônico, fala consigo mesmo no espelho com outra voz)
(muda de tom)
(fala pro espelho, irritado)
(volta a ficar calmo)
(pega o telefone para discar o número e fica irritado)
(escuta alguma coisa no telefone)
 (bate o telefone fala irritado)
(Vai até a porta do quarto, abre a porta e grita para fora)
(fecha a porta com força)
(pega o telefone e escuta)
(fala na frente do espelho)
(liga para o número. Espera... Desliga, preocupado)
(olha pra cima)
(Faz uma voz bonita no telefone)
(muda o tom para falar consigo mesmo)
(Toma coragem e liga. Espera um pouco...)
(desliga, rápido. Espera uns segundos. Imita com voz de secretária eletrônica)
(finge que está deixando recado)
(finge que está deixando recado, e canta uma música ao telefone, pode ser uma melodia conhecida)
(interrompe)
(pega um instrumento musical de brinquedo: um xilofone ou flauta)
(faz uns ruídos horríveis. Finge desespero, socando a cama, dramático)
(faz voz de noticiário de TV)
(Senta na cama, como se tivesse tido outra idéia. Pega o telefone e fala imitando o Enéias que fala rápido))
(larga o telefone. Fica pensando um pouco)
(fica triste, bastante pensativo. Depois lembra de algo)
(olha o celular)
Toca o celular que está na mão dele.
Jaberson
(fica vibrando e comemorando na frente do espelho)
(se atira na cama)
Iluminação vai diminuindo, o resto do texto pode ser falado, cada vez mais baixo
Jaberson


   
Peça Teatral: O Sonho de Alice : O meio ambiente preservado


  Argumento: Alice é uma estudante das séries iniciais que tem uma tarefa escolar envolvendo pesquisa sobre o meio ambiente. Enquanto pesquisa, ela adormece e sonha com uma situação em que Ambiente, Ecologia, Preservação, Reciclagem, Lixo, Consumismo, Poluição se reúnem para discutirem situações emergenciais sobre os problemas do Ambiente. Na história, os conceitos ganham vida. Alice assiste a história, adormecida no canto da sala onde estava estudando. Muito é discutido por estes conceitos-personagens, e, ao final, Alice entra na discussão, quando sonho e realidade se mesclam, e a menina, então, recebe a missão de ajudar o Sr. Ambiente e todos os personagens, amparada pelos tri-gêmeos Respeito, Tolerância e Amor.



Roteiro:

Personagens

 

Alice: Menina que vive sonhando de olhos abertos. Muito interessada e estudiosa. Tem MUITA imaginação!

Ambiente: Um velhinho muito cansado, doente, às vezes tem que gritar tanto para que alguém o escute que acaba por ficar afônico. Parece que não se interessam mais pelo que este senhor tem para contar e ensinar sobre os elementos que favorecem a vida na terra.

Ecologia: É uma senhora bonita, cheia de altos e baixos, por vezes, está muito feliz, cheia de vida, risonha e alegre, contando sobre toda a sua história, mas de repente, seu humor muda e fica extremamente depressiva, pronta para “morrer a qualquer instante”. Alguns dizem que ela fala muito sobre as condições que favorecem a vida e suas ligações entre os seres da natureza, mas quando depressiva, fala da morte de todos,  até da morte do planeta!

Preservação: É a melhor amiga da Ecologia e do Ambiente e defende seus ideais com unhas e dentes. Um de seus maiores ideais é defender todos os elementos do ambiente, quando prejudicados.

Reciclagem: Uma jovem artista, cheia de idéias. Vive remexendo no lixo de tudo e de todos, de onde tira a matéria prima para seus trabalhos, grandes obras! Ela re aproveita quase tudo e não entende porque que essas pessoas vivem dizendo que o lixo é nojento!

Consumismo: Tem um império em fábricas, lojas, carros, iates, jato particular, e quer sempre mais, mais, mais...

Poluição: Braço direito do Sr. Consumismo, aonde um está, o outro está também; o que um tem o outro tem também; não tem a mínima personalidade e seu maior divertimento é fazer o trabalho sujo do patrão.

Lixo: Um garoto triste, abandonado, não tem amigos, nem se quer um cachorro, quando consegue uma coisa mais interessante, vem logo alguém e tira dele.

Respeito,Tolerância, Amor: São trigêmeos, sábios, alegres, otimistas e muito pacientes.Procuram sempre compreender a realidade que os cerca.

 

A cena passa-se na casa da menina Alice.

 

Sala pequena com mesa e cadeiras no lado direito, uma porta; tapete, estante com livros e outros objetos caseiros no lado esquerdo.

                      



Peça Teatral: O Sonho de Alice : O meio ambiente preservado

- Cena I -

(Alice)

 

Alice (Entra cantando, com seu material escolar. Senta no tapete da sala, pega a mochila, abre o caderno e procura a tarefa de casa para fazer.) – Mãe, tenho que fazer um trabalho para a escola, Você me ajuda?

(Uma voz feminina responde) – Claro minha filha, o que é?

Alice - É uma pesquisa sobre o Meio Ambiente. Devo procurar informações e notícias sobre desmatamento, poluição... Não sei por onde começar...

(A mesma voz feminina) Filhinha, no jornal da cidade O Guaracy tem uma coluna semanal sobre o Meio Ambiente, procure lá. Olha Alice, vai procurando o que você precisa, pois agora a Mamãe tem que trabalhar, mas quando eu voltar, eu te ajudo com o que você tiver encontrado, está bem?

Alice (Sai de cena e volta com muitos jornais e vai folheando-os, até que adormece – entra Ecologia e senta-se na cadeira da sala.).

   

- Cena II -

(Ecologia, o Carteiro, Preservação, Reciclagem)

 

Ecologia (Está sentada, lendo, quando o carteiro bate a porta e ela o atende.) – Oba, oba o carteiro, (cantando) Lálálá, aposto que é uma carta para mim, lálálá. Olá, Senhor Carteiro, é uma carta para mim, não é?

O Carteiro (Entrega a carta, sorrindo.) – Não senhorita, é um telegrama! Vejo que está feliz hoje...que bom, te ver assim!

Ecologia (Abre a carta apressadamente e a lê.) - “Reunião urgente no dia 5 de junho, na casa da Dona Ecologia. Assinado: Senhor Ambiente”. (Ela fica deprimida, começa a pensar alto e a andar de um lado para o outro, coçar a cabeça, roer unhas.) - Deve ser uma desgraça Ambiental, Chernobyl de novo!ou, pode ser como daquela vez que aqueles malucos provocaram aquele enorme vazamento de petróleo, ou será terremoto, podem ser todos ao mesmo tempo! (Neste momento chegam a Preservação e a Reciclagem, ambas com um telegrama na mão.).

Preservação (Muito brava, ela já chega aos gritos) – Estou vendo que você recebeu está convocação também, não é Ecologia! Eu aposto que tem alguém querendo sabotar o meu trabalho, tem sempre alguém querendo sabotar o meu trabalho, é por isso que eu estou sempre uma pilha de nervos... (Anda de um lado para o outro, ansiosa.).

Reciclagem – Que nada! Ele deve estar com idéias para uma festa, ou será um novo projeto de reciclagem, ou reflorestamento...(então as 3 ficam pensando alto e andando de lá para cá. O carteiro saí de fininho, balançando a cabeça).




  - Cena III–

(Alice)

Entra em cena um personagem vestido de pássaro, enquanto Alice dorme no canto e as três ficam de, de repente, estáticas, como se o tempo parasse. Este personagem relata para a platéia que Alice costuma falar enquanto dorme, e sai fazendo malabarismos...




Alice (Alice se mexe muito) - Não professora, não fiz o seu trabalho. A senhora não percebe que estou dormindo!... “ZZZZZ”... Como que eu posso ler este jornal dormindo!... “ZZZZZ”... Meio Ambiente... As florestas...estão sumindo... Cortes de madeira... exploração mineral... os índios, o que será deles... “ZZZZ”...  várias espécies de animais e de plantas em extinção...Isso é tão triste...temos que fazer alguma coisa... “ZZZZ” (e continua dormindo).




- Cena IV–

(Ecologia, Ambiente, Preservação, Reciclagem, Lixo, Consumismo, Poluição)




  Ecologia ( andando de um lado p/ o outro e falando sozinha) – Aí meu Deus, estou tão nervosa... ( roendo as unhas). Pensando bem...porque eu estou nervosa, não há motivo para isso, claro que não há! Aposto que o Senhor Ambiente deve estar preparando uma daquelas belas surpresas, só pode ser, (e começa a cantarolar e dançar). Está quase na hora. Daqui a pouco todos estarão aqui (e já começa a roer unhas de novo).

(Batem à porta e Ecologia vai atender.). – Olá, Sr. Ambiente! Entre! Estava esperando pelo senhor. Como vai? Estou preocupada com esta convocação!

Ambiente (Velhinho, meio curvado, chega ofegante e senta-se) - Puf, puf, puf... Dona Ecologia...eu estou tão cansado... a senhora pode providenciar para mim um copo d’ água? (tosse, tosse muito!)

Então Ecologia saí de cena apressada e lá de trás diz:  já estou levando! Ela volta a cena com um copo cheio de um líquido “amarelado” e entrega este copo ao Ambiente

Ambiente - (estendendo a mão p/ receber o copo e olhando p/ aquele copo com aquele líquido “amarelado” e ainda cansado, mas INDIGNADO) - Mas, puf... puf..Ecologia o que é isto que a Sra. está me dando para beber?!?!?! Está é a água que teremos que beber daqui pra frente e cai em prantos...

Ecologia – (agora muito nervosa) – O Sr. me pediu! Eu trouxe... é, é...(tentando falar e não conseguindo e chora...)

Ambiente (dramaticamente) – Vocês estão querendo me matar!!!! Matem-me de uma vez...puff...puff, TOSSE, TOSSE... eu realmente não sei porque eu marquei esta reunião...eu vou morrer mesmo, VOCÊS QUEREM ME MATAR!!!!!

(E com este berro, entram correndo e assustados)

Preservação, Reciclagem, Lixo (perguntam ao mesmo tempo) -- O que está acontecendo???? Quem vai matar quem????

Ambiente – Vocês todos querem me matar...vocês só querem saber de dinheiro... O velho e bom Ambiente, não serve mais para NADA!!!! Antes eu só ouvia: Olha só que Ambiente bonito, olha querido que vista linda, olha amor que brisa gostosa, ouça só, o balançar das árvores, sinta o cheiro da terra, do mato... Agora NÃO!!! O que eu ouço agora é: Não quero saber de árvore perto de mim, árvore só faz sujeira! Queima tudo, bota está mata a baixo, vende esta madeira velha, vamos plantar soja transgênica, vamos ganhar dinheiro, com a madeira e mais ainda com a soja. Não quero saber se tem índio lá! Bota todo mundo para fora e os animais, a gente vende no mercado negro!...puff, puff, puff, TOSSE, TOSSE e caí sentado em uma poltrona chorando. 

Reciclagem – Alguém pode me dizer o que é que está acontecendo? Porque tanta gritaria, o que há de novo?

Ecologia (chorosa) – Ele (apontando para o Ambiente) chegou muito cansado e ofegante, sniff, me pediu um copo d’água, eu trouxe um pouco de suco de maracujá, que acabei de fazer...sniff, e ele nem me deu tempo de dizer que era suco de maracujá, sniff, e começou a gritar. Eu que colhi este maracujá hoje pela manhã...e chora...

Preservação e Lixo correm em direção de Ambiente para acalmá-lo e Reciclagem afaga Ecologia, todos tentando acalmar a todos e falando ao mesmo tempo, até que:

Reciclagem – (Falando alto, muito séria) CHEGA! Mas que absurdo! Tudo isso por causa de um suco... Senhor Ambiente, que vergonha! tanta gente trabalhando para ajudar o senhor...Sabemos que temos muitos problemas, mas em vez de olhar sempre para o lado ruim das coisas, CUSTA o senhor ser um pouco mais otimista, ou até realista? Com esse pessimismo, não vai adiantar o esforço que estamos tendo!, o senhor vai morrer antes do tempo...É até capaz de ser enterrado vivo!!!!!

Entra em cena o personagem vestido de pássaro, brincando com a platéia. Enquanto isso todos entram em cena, se acomodam e se acalmam....(Todos tem um copo de suco nas mãos)

Reciclagem – Muito bem agora que todos estão mais calmos... Vamos ver o que podemos fazer...Da minha parte, posso dizer que está tudo muito bem, eu e o Lixo temos presenciados verdadeiros milagres! A reciclagem está em franco crescimento, é claro que temos problemas... o Consumismo anda exagerando e abusando da Poluição. Tenho tido muito trabalho em reciclar o lixo, primeiro porque poucas pessoas o separam e segundo porque a quantidade de lixo está cada vez maior e não dou conta de reciclar tudo. Mas NUNCA se reciclou tanto e as escolas e indústrias estão se conscientizando! Isso é motivo para comemorarmos, não para chorarmos!

Ambiente  (muito cansado) – Mas acontece, que convoquei o Consumismo e a Poluição para virem também, marquei com eles daqui à meia hora para que eu pudesse falar primeiro com vocês. Dentre todos os problemas que estão acontecendo, o pior deles é o Consumismo que tem gerado muita Poluição. Teremos que encontrar uma maneira de contê-los, antes que seja tarde! Eu não quero saber de boa vontade, quero saber de solução.

Lixo ( muito triste!) – Eu, quando sou lixo tóxico, não posso ser reaproveitado. Andei de lá para cá, até que encontrei a Reciclagem que vem cuidando de mim para que eu não fique contaminando outros espaços e possa ser mais bem tratado, ter amigos.... Mas aqui, ouvindo o Ambiente, sniff, ele está com a razão...não tem jeito mesmo...não tem jeito...

Preservação – Amigos, o que há com vocês... Sim temos problemas, temos o Consumismo, a Poluição, mas lutar contra estas coisas a gente consegue, mas não seremos capazes de fazer nada de útil se não lutarmos contra o MAIOR dos MAUS, o pessimismo! Acordem, muito está sendo feito...A vida é curta, temos que reagir!

Ambiente – Vocês tem razão, é que hoje não estou bem...me desculpem... O que deve ser feito me parece que muitos já sabem... Reduzir o Consumo, Reciclar, economizar água, reflorestar... E temos que fingir não ouvir, quando nos chamarem de “eco-chatos”!

Ecologia – Bem , pelo que o Sr. disse, o Consumismo e a Poluição daqui a pouco estarão aqui, não é?

Ambiente –  Sim eles devem estar chegando...

Preservação – Muitas leis ambientais estão sendo votadas e são muito boas, acho que serão capazes de frear o Consumismo. Temos algum tempo para trabalhar ainda, talvez até mais do que possamos imaginar... Podem contar comigo!!!

Reciclagem – Mas é claro...Podemos começar por conscientizar as pessoas a consumirem menos, a separarem seus lixos, a usarem produtos ecológicos, isto já ajudaria muito, se cada um fizer a sua parte....

Lixo – E sobre os lixos perigosos, deveria haver um lugar onde pudessem ficar sem prejudicar o Sr. Ambiente.

(Neste momento todos estão começando a ficar mais animados, então toca a campainha)

Ecologia (Levanta-se, espia pela janela e vai até a porta.) – Chegaram, a Poluição e o Consumismo. Vou atender! (Abre a porta.) – Olá, Consumismo, olá Poluição! Entrem!

Consumismo (Está muito bem vestido, cheio de ouro, fumando um charuto fedido e baforando na cara do Ambiente. Entra com pressa, cumprimenta com um olá geral.) – Olá, boa tarde! Estou com pressa e não tenho muito tempo a perder. Dona Poluição veio comigo. Do que se trata a reunião? Não se esqueçam, tempo é dinheiro! Não tenho tempo a perder...

Poluição (Entra também bem vestida, mas não é tão chique, tem um cinzeiro na mão, e fica correndo atrás do patrão para tentar pegar as cinzas, mas é claro que o patrão prefere jogá-las no chão! – Olá para todos, Vocês viram que dia maravilhoso, leram o jornal, eu estou presente em todas as grandes cidades, em muitos rios, em cada lixão, isso sem falar do MEU chorume! (E ri muito, e muito alto!)

Consumismo – Mas o que é isso? Ponha-se no seu lugar! Você não seria NADA sem mim! Vai se achando... EU ACABO COM VOCÊ!

Ambiente –(Ambiente se levanta de sua poltrona, e olha tão profundamente nos olhos de Consumismo e Poluição, que os dois caem sentados no Chão!) - O motivo desta convocação é o meu estado de saúde. Meus rios estão sendo mortos, minhas matas estão sendo destruídas, o ar está poluído e todos os seres estão sofrendo com esta forma de vida consumista que os humanos levam. Não vou morrer sem lutar e vocês dois vão me ajudar, por bem, ou por mal!

Consumismo – Ora, ora Sr. Ambiente, as pessoas precisam de alimentos, sapatos, roupas, e MUITAS outras coisas. E elas querem sempre MAIS (ri alto). Eu simplesmente as fabrico, e elas compram RÁ, RÁ,RÁ (dá uma gargalhada grossa e alta). Elas nem percebem que elas mesmas estão se afundando... RÁ, RÁ, RÁ...O Sr. acha que elas viveriam sem supermercados, lojas, carros, jóias, vídeo games, computadores, indústrias? Eu só faço o que elas precisam, e vendo, e ganho, ganho dinheiro, MUITO dinheiro. As pessoas precisam de alimentos, então, eu os produzo, mas já disse que não tenho culpa se elas comem demais, se elas desperdiçam, aliás, o Desperdício também deveria ser convocado para a reunião.

(entra em ação nosso amigo, fazendo malabarismos com cada item que o Consumismo fala, e saí de cena)

Ecologia (Interrompe o Consumismo.)  -- O que você parece não entender, é que se as coisas continuarem como estão...os consumidores vão MORRER por causa de sua teimosia!(lamenta)

Lixo -Você vai ter que investir e melhorar os níveis de poluição que você emite por todo o planeta!

Poluição – É chefinho...parece que a coisa está feia para o seu lado... até eu tenho sentido isso que eles estão falando... Eu estou mesmo trabalhando demais, nem à noite tenho mais sossego, as pessoas agora trabalham em turnos! Estou em toda parte: nas ruas, nas escolas, nas fábricas, na terra, no ar, na água. É chefinho...acho que o Sr. está pegando pesado...

Consumismo –  Mas é muita cara de pau! Logo você, que me implorou emprego, que precisava de trabalho! está contra mim! (aos gritos) Eu não...

(mas é interrompido pela Poluição)

Poluição – Pedir trabalho é uma coisa...mas o Sr. quer acabar com o mundo, para o Sr. não existe limites...quer sempre mais, mais... ( faz caras e gestos de um louco ganansioso)

Ambiente – Agora a Poluição está começando a entender a gravidade do problema. Sr. Consumismo, entendo que deve ter seus motivos para agir e viver assim. Mas, não percebe que está estragando a vida na Terra? As pessoas estão vivendo apenas para trabalhar e comprar, Comprar comprar... ( faz caras e gestos de um louco ganansioso) A vida é mais que isto...

Consumismo –Vocês estão fazendo uma tempestade num copo d’água... Produzir e vender é a minha vida...não posso nem pensar em parar...DINHEIRO, DINHEIRO, Eu preciso de MUITO dinheiro!!!! Vocês aí que se virem... ( e continua falando sozinho)

Reciclagem - Tem lixo demais e eu não dou conta de reciclar tudo como o Sr. pensa. Além do mais, às vezes, para reciclar um material é preciso poluir mais, então, certos lixos não compensam ser reciclados.

Lixo – O mundo vai se afogar em seu próprio lixo... inclusive envenenado por meus primos tóxicos... A Reciclagem até que tentou, mas não descobriu um jeito de reutilizar os meus primos tóxicos...eles são pesados e causam muitas doenças....

Ecologia (Olha com pena para o Sr. Consumismo e grita para ele.) – O senhor não percebe que não sobrará nada pra o senhor fabricar e ninguém para consumir? Animais estão morrendo, plantas estão morrendo, pessoas também! (O Consumismo olha com ar pensativo).

Preservação (Dirigindo-se para o Consumismo) -  Nós não queremos que o Sr. pare de produzir, mas, é preciso  tomar algumas providências como colocar filtros nas chaminés, produzir produtos mais saudáveis e menos poluentes, além de produzir menos lixo. Assim, todos nós sairemos ganhando....

Consumismo – Mas terei que gastar milhões e milhões para fazer o que está pedindo e vou perder muito dinheiro!

Poluição - Eu concordo com a Preservação, sou a favor de filtros, pois assim não estarei prejudicando ninguém.

Ecologia – O melhor é discutirmos o que é possível fazer.

(Alice desperta e todos ficam olhando para ela.)...



- Cena V -

(Alice, Ecologia, Ambiente, Preservação, Reciclagem, Lixo, Consumismo, Poluição)

 

Alice (Desperta) - Nossa, acabei pegando no sono novamente. Que sonho estranho eu tive, parecia tão real! (Dá-se conta que continua a ver e ouvir o que pensou ser um sonho. Espantada, levanta e fica observando. Belisca-se para acordar, mas percebe que a cena continua.).

Ecologia (Continua a conversa como se Alice nem estivesse ali.) - A minha sugestão é: fazer um estudo sobre os produtos que o Senhor Consumismo fabrica e comercializa, ver o que é supérfluo, ou inútil. Tirar de linha, (o Sr. Consumismo vai arrancando os cabelos a cada sugestão!)  adaptar suas fábricas e empresas diminuindo o trabalho da Poluição e gerando menos Lixo. Buscar alternativas que não prejudiquem o Sr. Ambiente. Se ele morre, morre a vida na Terra.

Preservação -Concordo plenamente com a Ecologia. Tudo o que o Sr. Consumismo quiser produzir daqui para frente terá que ser analisado e estudado. Nada poderá provocar mais danos para o Sr. Ambiente.

(O Sr. consumismo esta descalço COMENDO suas meias)

Poluição - Para mim será bem melhor se eu puder trabalhar menos, pois estou muito cansada, eu quero mais é sombra e água fresca, estou de saco cheio de trabalhar para este louco... (o Consumismo está agora tentando enforcar a Poluição!) que grita baixinho SOCORROOOOOOO...(e então, todos correm para ajudar. Abanando a Poluição).

Consumismo – Ah, mas isso não fica assim eu vou me vingar, me vingarei de vocês!

Ambiente – (com a voz mais calma do universo) – O problema, Sr. Consumismo, é que o Sr. não tem outra alternativa, porque se as coisas não mudarem vou ter um colapso, explodirei e a vida na Terra se acabará (Alice arregala os olhos e faz cara de espanto.).O senhor é quem sabe...

Preservação - Poderemos ajudá-lo, Sr. Consumismo. Vamos trabalhar em conjunto, para os humanos mudarem sua forma de vida... O Sr. vai ver, eles entenderão,  só precisamos de um ‘mensageiro’ (Todos olham para a menina Alice.).

Ambiente (Aproxima-se de Alice) - Você, menina, é quem vai nos ajudar!

Alice – E-e-e-eu?

Ambiente - É, menina, você aí cheia de vida, com muito ainda pela frente. Você é a nossa escolhida... e é por isto que você entrou no seu próprio sonho e nós entramos na sua vida.

Alice – Mas como...eu sou uma criança...vocês precisam de tanta coisa!

Ecologia - Não se preocupe, se você nos ajudar, nós ajudamos você! É só você contar para todos o seu sonho..., como realmente aconteceu... Eu, a Preservação, a Reciclagem, estaremos sempre a te ajudar...(Todos saem, com exceção da menina Alice.).

 

 - Cena VI -

(Alice)

 

Alice – Nossa, e agora? Será que vou conseguir ajudar? Como vou ajudar o Sr. Ambiente, se  sou ainda uma criança?

Respeito, Tolerância, Amor (Entram, brincando com a platéia e rindo. Falam todos juntos) - Alice, viemos para ajudar. Somos o Respeito, a Tolerância e o Amor, somos irmãos gêmeos, tudo o que um sente, o outro sente também!

Respeito (os três pulam, fazem estrelas, malabarismos, etc) – Eu sou o Respeito. Através do respeito muita coisa pode ser feita...O respeito gera amor, amizade, fraternidade, cooperação.

Tolerância - Eu sou a Tolerância. Comigo tudo é mais fácil.... A tolerância gera a paz, a compreensão, a união.

Amor – Eu sou o Amor. O Amor é a chave para um mundo melhor, sem conflitos, sem guerras. O amor gera a PAZ e a harmonia”.

 

Então, todos dão as mãos e cantam juntos...(uma música que fale de preservação ambiental )

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LOUCRÉCIA - A SOLTEIRONA ENLOUCRESCIDA 

Ah! Como é bom acordar! BOM DIA NATUREZA...

(cantando)...

 Bom dia? Ah.ah ah ah! O que tem de bom no dia pra você começar assim, cantando?
Sabe que dia é hoje minha amiga? Dia dos namorados...E você so-zi-nha!!!!! Tem certeza que é mesmo um bom dia?

Ah não!...Hoje não...Por favor, Não me encha o saco! Entendeu?

Ah coitada...kkkkkkk Se liga...Não foi você mesmo que escolheu isso? Sempre se disse auto-suficiente...Então...Agora enfrenta!

Mas quem te disse que eu to preocupada com esse dia dos namorados? É um dia como outro qualquer! Essa comemoração é mesmo pro comércio faturar...Recuperar as vendas?

Ah jura? Então porque esse debate? Afinal se você não tem drama de consciência, por que debater com a própria?????

Olha...Prestenção...Eu vou é ter um dia comum...Sair...Ver gente...Almoçar fora...Divertir-me como sempre fiz...E você...Vê se me esquece tá?

Tudo bem... Já ouvi esse papo ano passado...Rs Lembra?
Os shoppings cheios de casais apaixonados...Se beijando...As floriculturas movimentadas, entregando lindos arranjos florais...Crianças todas arrumadinhas, de mãos dadas com os pais...Carinha rosada...E todos te olhando como se você fosse uma E.T...Olha lá a solteirona...Ih...Ficou pra titia...Sua chorona lembra? Olhos cheios de lagrimas...Oh dor! Kkkkkkk Vai lá vai...Tudo de novo...Tem peito pra isso tem?

(o telefone toca)

Ta escutando sua boçal? Talvez seja "ele"...Aii não vou atender logo de prima neh? Deixa tocar mais um pouco...

Alo? Não...Não...ok nada!

Drooogggggaaaa......Era engano!
Não Acredito!!!!

Boçal eu neh? E agora...Vai chorar? Kkkkkk

Não vou não...Sabe o que vou fazer? Me arrumar...Ficar bonita...Cheirosa gostosa!
Colocar minha melhor lingerie...Aquela vermelha...Pra combinar com meu apetite sexual...Banho de sais...Creme no corpo...Maquiagem...Ai você volta a conversar comigo tá? ME ESQUECE!!!!

Nossa...Quanto trabalho...E tudo isso pra ficar ai...Jogada no sofá...heim covarde!
Ou vai se esconder no mundo virtual...Lá na net?

Isso mesmo!!! Grande idéia...Até que você não é tão inimiga assim...É. Vou lá bater um papo com meus amigos...Porque eles são mais interessantes que você e me tratam bem melhor tá?

Vai...Vai lá...Ou vão zoar um bocado da tiazona...Porque ate pra tiazinha já passou seu tempo neh (e o dela também... rs)...Ou quem sabe escutar mais lamúrias ainda... Grande programa amiga!

Lá pelo menos eu escuto musica...Bato papo com gente diferente interessante...Ouço piadas, fofoca, espio os outros na CAM... Eu tenho amigo lá, sabia?

Sim...Eu sei! Mas tem também as invasões...Aqueles babacas que entram pra zoar e te estressam... Depois, você vive tanto nesse mundo virtual, que acaba nem tendo tempo de curtir o real...E é por isso que ta aqui sozinha hoje...Feito boba...

Ah...Você ta certa...Então vou pegar algo pra comer...Bem leve...Abrir uma garrafa de vinho e ficar escutando musica...Quem sabe eu esqueça esse dia!

(ligando o radio pra ouvir musica... toca malandragem.. Abrindo o vinho).

Quem sabe ainda sou uma garotinha...Esperando o ônibus da escola...SOZINHA...

Ah ah ah ah.....ta vendo? Até quando era garotinha estava sozinha...Se liga mulher...

Ta bom...Eu desisto de escutar a musica...Mas com uma condição...Vamos conversar na boa?

 (desligando o som).

O TELEFONE TOCA DE NOVO

_Ah agora deixa ele tocar aí... da outra vez foi  engano(TOCA TRÊS VEZES). Mas se for o Geraldão! Que ficou de me ligar hoje, eu até dei pra ele o meu número!

Ele ficou de te ligar?Crê em Deus que é Santo velho! Mermã do jeito que ele é!  Acho ele muito metido a gostosão! O garanhão em pessoa! Muito metido! Só quer ser  ás  pregas!Tomara que ele te ligue mesmo! Que eu duvido!

 Talvez aquilo fosse apenas uma promessa falsa, para poder me iludir. Imagina eu e  o Geraldão, onde é que ele vai olhar pra mim, logo agora que ele está na academia, ah ele tem cada bíceps, ai chega sinto um arrepio por dentro! Já imaginou aqueles braços me tocando? Me revirando onde nunca ninguém mexeu! Ah! É melhor eu acordar, cair na real. Sou uma songa –monga.

Deixa de ser tão cheia de ziriguidum!Mulher o teu problema é porque tu  não se valoriza!Queridinha,  aqui mulher que não tem poder de decisão e não se  dá valor, os cabras botão é pra fufu, sem dó nem piedade!

Sei lá da outra vez que  vi o Geraldão ele estava tão estranho, não sei se é porque ele estava muito ocupado, disse pra mim que ia aprender a tocar piano  na casa do seu melhor amigo, o “Waguinho”

Waguinho” melhor amigo do Geraldão! Sei não mulher, mas Waguinho e Geraldão juntos, sei dizer que boa coisa não pode ser. E onde que já se viu nome de cabra macho ser “Waguinho”.  Eu acho que ele  foi tocar ouuutra coisa na casa do “Waguinho”.

Oh criatura maldosa! Quer dizer que dois homens não podem ser bons amigos? Ah é decepção demais para mim! Ás vezes penso que é melhor eu até bater as botas, vestir paletó de madeira logo d e  uma vez. Oh como sofro ser só!  Não tenho sorte mesmo nisto que chamam de amor! Quando eu não arrumo um  molenga, um babão, arrumo é um cara que pisa fora da faixa(faz sinal do braço na testa), que  toca ... toca .. aquilo que você  sabe o que é  muito bem na casa do melhor amigo!

Oh mulher pára! Não me lembra destas coisas! Mas sai dessa fossa! Pára de ser reclamona! Isso já é frescura!

Reclamona! Na fossa eu! Eu estou é no fundo da fossa atolada naquilo que agente faz todo dia quando se levanta.

 Oh tu nojenta, já está baixando o nível.

Mas é o que passa no meu pensamento agora.


Mas você é fraquinha heim? Esqueceu ate de que quem manda nos seus pensamentos é você?
Você gosta de se judiar...De parecer mártir!

 (tomando vinho)

Prestenção!...Se olha no espelho...Você é bonita...Charmosa...Inteligente! Devia agradecer por ter um corpo e mente em perfeito funcionamento, sem doenças...Você é privilegiada mulher! Neste Pais de pobres e analfabetos, você tem nível superior...

AH...Me deixa! Eu já to meio bêbada...Não da mais pra pensar!

Ta vendo? Já está ai se depreciando!!! Olhe ao seu redor...Você tem tudo o que quer!...Quantas pessoas neste pais têm a internet à disposição? As roupas que você tem? O luxo de almoçar e jantar fora?

E que adianta tudo isso se eu estou sozinha aqui?

Por opção sua! Quantos homens você já dispensou? E aquele cara que você vive dando um chega pra lá nele?

Ah é diferente...Ele é muito melado...Vive se declarando...Dizendo que me precisa!

Então...Não é isso que ta faltando exatamente hoje pra você? Viu...Você é que não se da a chance de ser feliz!

Ah...Chega...Eu bebi demais...Quero dormir...Só dormir!!!!!

Ta vendo? Já vai você se entregar!!!!! Não vai crescer não?

Mas......mas......

Sem esse mas... Isso é fuga mulher! Enfrente a vida...

Você está certa.... Preciso mesmo viver... Encarar a vida...
Vou me aprontar...Ficar bem bonita...
Colocar o meu melhor...Em sentimento e energia!

VIDA....PREPARE-SE!!!! AQUI VOU EU!!!!!!!!!


Mãe e filho

Aline Ponce


(Na sala de jantar, a mãe está pondo a mesa. Entra o filho.)

FILHO – Mãe, eu precisava falar...
MÃE – Ô, meu filho! Quer comer alguma coisa?
FILHO – Mãe, eu precisava falar uma coisa...
MÃE – Você não tá com fome? Até essa hora na rua, aposto que só almoçou.
FILHO – Mãe, eu queria falar uma coisa pra você...
MÃE – Já, já, nós vamos jantar. Daqui a pouco seu pai chega. Mas se você quiser, eu preparo um lanchinho pra você.
FILHO – Mãe, o que eu tenho pra te falar é importante...
MÃE – Então, o que você quer: pão com salame, ou umas torradinhas?
FILHO (gritando) – Mãe! Por favor, me ouve! Eu preciso falar uma coisa importante pra você!
MÃE – O que é menino? Tá gritando por quê? Não sabe falar com educação?
FILHO – Eu tomei uma decisão, mãe.
MÃE – Ah, eu já sei.
FILHO – Sabe?!
MÃE – Sei, sim. Olha, meu filho, tem horas na vida da gente que é assim mesmo. A gente fica em dúvida...
FILHO – Puxa, mãe, nunca pensei que você fosse...
MÃE – A gente não sabe o que fazer...
FILHO – ...me entender tão bem!
MÃE – Mãe sempre entende os filhos. A gente sempre sabe quando um filho está com problemas...
FILHO – Ainda bem que você me entende...
MÃE – Precisa tomar decisões...
FILHO – Assim, fica mais fácil contar pro pai.
MÃE – Ah, mas eu já contei!
FILHO – Contou?! Como assim, contou?! Eu nem tinha falado nada pra você ainda...
MÃE – Ora, meu filho. Eu te falei que eu já sabia de tudo!
FILHO – E precisava contar pro pai?
MÃE – Deixa de bobagem, meu filho. Uma coisa à toa dessas...
FILHO – À toa?! Mas...
MÃE – Eu sei que pra você é um fato importante, eu também já tive a sua idade.
FILHO – E o pai, o que ele disse?
MÃE – Pra ele tá tudo bem.
FILHO – Tudo bem?! Tem certeza, mãe?
MÃE – Claro, filho! Seu pai não é nenhum bicho-papão!
FILHO – Então tá, mãe. Já que tá todo mundo sabendo, a gente pode combinar de fazer outra coisa, já que amanhã nós não vamos mais pra Piracicaba.
MÃE – Como não vamos mais pra Piracicaba?!
FILHO – Ué! Você não disse que tá tudo certo?
MÃE – Sim, tá tudo certo você trazer sua namoradinha aqui em casa pra gente conhecê-la.
FILHO – O quê? Minha namoradinha?
MÃE – Ela é de Piracicaba? Não sabia...
FILHO – Mãe, eu não vou trazer minha namorada aqui em casa, não! O que eu tinha pra falar...
MÃE – Ah, não vai trazer mais não? Que pena! Eu queria tanto conhecê-la.
FILHO – É que eu não vou mais pra Piracicaba amanhã...
MÃE – Mas ela é de Piracicaba? Você nunca me disse...
FILHO – Eu não vou mais fazer Engenharia Agronômica.
MÃE – Ah, ela faz Engenharia? Que bom, né? Assim, vocês vão poder estudar juntos...
FILHO – Mãe! Eu não vou mais pra Piracicaba fazer Engenharia Agronômica.
MÃE – Em que ano ela está? Achei que ela fosse mais nova que você.
FILHO – Mãe! Me ouve!
MÃE – Tá bom, menino. O que é que você quer?
FILHO – Mãe, eu, entendeu? (gritando) Eu não vou mais fazer Engenharia Agronômica em Piracicaba!
MÃE – E sua namorada vai?
FILHO – Mãe, escuta: (apontando para si) eu não vou mais estudar Engenharia Agronômica em Piracicaba. Nem eu, nem minha namorada, nem ninguém!
MÃE – Ah, mas amanhã você vai pra Piracicaba?
FILHO – Mãe, eu não vou mais pra Piracicaba, nem hoje, nem amanhã, nem (gritando) nunca!
MÃE – Que é isso, menino?! Foi essa a educação que eu te dei? O que a sua namorada vai pensar?
FILHO – Mãe, (gritando) eu não tenho namorada!  Eu vou ser padre! Entendeu agora?
MÃE – O que ? ser padre! Como é que você nunca me contou?
FILHO- Como é que é? A senhora nunca deu ouvidos para mim, sempre ocupada, nunca parou um minuto para mim, e se eu tivesse me envolvido com drogas ou prostituição? Será que as coisas seriam diferentes? ( ela continua a fazer as tarefas)

MÃE:E desde quando você decidiu ser padre? Acho que tudo isso é ilusão da tua cabeça. Padre? Já pensou...

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